Morar no Sertão.
Sou morador de uma grota
lá nos confins do serrado;
meu endereço é roça;
meu rádio é o berro do gado.
O barulho da cachoeira;
ali perto do terreiro;
é sinal que a natureza;
tem um destino certeiro.
Não conheço o CEP,nem bairro;
muito menos logradouro;
convivo com borboletas;
e as espécie de besouro;
de riqueza que eu tenho;
é só meu chapéu de couro.
Minha família é unida;
e de muita opinião;
tem minha cabocla dengosa;
em qualquer situação;
lá não recebo visitas;
também não faço questão.
Os buracos da estrada;
é uma peleja danada;
para chegar em minha casa;
é uma longa jornada;
quem chega não arrepende;
a diversão ta formada.
Lá tem o doce de jaca;
e o bolo de fubá;
os poços de água claras;
bons para se nadar;
o pé de laranja lima;
e o jirau de maracujá
A umburana gigante;
e o pé de abacateiro;
o galo índio indomável;
é quem comanda o terreiro;
e o balde de água fria;
é como se fosse o chuveiro.
Fevereiro é o mês;
que dá ponto o milharal;
a pamonha com manteiga;
também o gostoso mingau;
e as duas vaquinha leiteira;
berrando lá no curral.
O capim cobrindo a cerca;
pés de cocos verdejantes;
e o casal de quero-quero;
povoando as vazantes;
os soins no cajueiro;
como se fossem ambulantes.
Pego o cavalo mestiço;
com destino a lagoa;
sol se ponto no horizonte;
vendo os pratos de taboa;
de volta ao reino encantado;
encontro comida da boa.
Palhoça de milho seco;
carro de boi no galpão;
o meu cachorro campeiro;
e a balança de varão;
essas são as alegrias;
de morar lá no sertão.