Morar no Sertão.

Sou morador de uma grota

lá nos confins do serrado;

meu endereço é roça;

meu rádio é o berro do gado.

O barulho da cachoeira;

ali perto do terreiro;

é sinal que a natureza;

tem um destino certeiro.

Não conheço o CEP,nem bairro;

muito menos logradouro;

convivo com borboletas;

e as espécie de besouro;

de riqueza que eu tenho;

é só meu chapéu de couro.

Minha família é unida;

e de muita opinião;

tem minha cabocla dengosa;

em qualquer situação;

lá não recebo visitas;

também não faço questão.

Os buracos da estrada;

é uma peleja danada;

para chegar em minha casa;

é uma longa jornada;

quem chega não arrepende;

a diversão ta formada.

Lá tem o doce de jaca;

e o bolo de fubá;

os poços de água claras;

bons para se nadar;

o pé de laranja lima;

e o jirau de maracujá

A umburana gigante;

e o pé de abacateiro;

o galo índio indomável;

é quem comanda o terreiro;

e o balde de água fria;

é como se fosse o chuveiro.

Fevereiro é o mês;

que dá ponto o milharal;

a pamonha com manteiga;

também o gostoso mingau;

e as duas vaquinha leiteira;

berrando lá no curral.

O capim cobrindo a cerca;

pés de cocos verdejantes;

e o casal de quero-quero;

povoando as vazantes;

os soins no cajueiro;

como se fossem ambulantes.

Pego o cavalo mestiço;

com destino a lagoa;

sol se ponto no horizonte;

vendo os pratos de taboa;

de volta ao reino encantado;

encontro comida da boa.

Palhoça de milho seco;

carro de boi no galpão;

o meu cachorro campeiro;

e a balança de varão;

essas são as alegrias;

de morar lá no sertão.

Ivan Sousa
Enviado por Ivan Sousa em 31/08/2011
Código do texto: T3192387