O diário de Maria..
Já fui menina inocente;
Com um sorriso contente;
Sendo a queridinha da casa;
Vivendo um conto de fada;
Mas sempre ficando trancada;
Como uma borboleta sem asas.
Era mágico o momento;
Sentia a brisa do vento;
Era uma menina sapeca;
Brincava de amarelinha;
Ou talvez até de casinha;
Dando banho em bonecas.
Minha mente era livre;
Não tive nenhum declive;
Em relação ao pensar;
E a cada momento vivido;
Tudo era colorido;
Como o arco- íris no ar.
Apareceram mudanças tensas;
E com elas desavenças;
Entre o coração e a mente;
Sem diálogo e sem ensaios;
Em galopes solitários;
Por caminhos diferentes.
Com hormônios que aflora;
A cada minuto, a cada hora;
Com sintomas diferentes;
Como os passos de uma dança;
Já não sou mais uma criança;
Agora sou adolescente.
A cada dia uma descoberta;
A cada descoberta um desejo;
Como será um romance?
Ou como será um beijo?
O peito é um deserto;
Mas espero o momento certo;
E para isso planejo.
Vivo num mundo incerto;
Sem tese e sem teoria;
Um dia reina a tristeza;
Em outro quem reina é a alegria;
Vagando nas incertezas;
Sem suporte e sem sintonia.
Sou uma pedra preciosa;
Que todos querem pegar;
Sou vinho curtido em barril;
De uma safra milenar;
Sou os olhos da plateia;
Sou a rainha da colmeia;
Muito difícil de achar.
Sou a árvore da caatinga;
Em fase de crescimento;
Não admito que podem;
Meus galhos de pensamento;
Quero na primavera florir;
Dá fruto e contribuir;
Para meu próprio sustento.
Quero passar dessa fase;
Para outra mais segura;
Ancora em aguas calmas;
E de boas estruturas;
Alimentando o espírito;
Vivendo cada capítulo;
Até ser mulher madura.