O vôe da matuta (Parte 2)
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Inda disse ingraçado
Mai falô meio pra dento
Pegô o taxi da vez
Chamano nome cum vento
E foi pru o aeroporto
Num taxi sem ter conforto
Di nomi chamô um cento
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Um guarda ficô atento
Condo viu ela sartá
Do carro toda infeitada
Cum sacolas a arrastá
Mostrô que tinha um carrim
Guiou até o chequim
Mode ela se assiná
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Voltô a si esperniá
Cum a gintil atendenti
Que lhe mandô no barcão
Qui era bem mai na frenti
E ela dissi é disfeita
Veja lá si mi respeita
Sô nega mai eu sou genti
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E o guarda inteligenti
Disconfiô da matuta
Ajuntano a bagagi
Sozinha naquela luta
Chegano lá preguntô
Que passagi num achô
Lí chamô di fí da puta!
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O guarda era recruta
Disistiu e foi imbora
Ela rodano a baiana
Valente inguá a caipora
Vei um rapai educado
Cum jeitim bem delicado
Chamô ela de sinhora
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Ela disse va simbora
Qui num gosto de viado
Quero cumpra a passagi
Ta pensano que é fiado
Ande logo arrume um jeito
Gritano batia aos peito
Chamano cabra safado
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Bateu di mão aos trocado
O dinhêro que trazia
Só vai tê para manhã
Arguém logo respondia
Condo contô as mueda
Quasi qui ia as queda
Cum qui ela num sabia
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O dinhêro que trazia
Era pôco pra vuá
Passagi pro ôtro dia
Num era mais o fuá
Agora a discução
Era o tá de avião
Bicho caru pra daná
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E dipôi de carculá
Passagi logo cumprô
Poi só deu inte ricife
Qui o dinhêro se acabô
Cumprô a vorta e ida
Perguntô e a durmida?
Pernoitá aqui num vô
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Num foi Cuma pranejô
Seu sonho tava frustado
Li oferecêro um banco
Mode dormi assentado
Mostraro a lonchonete
Ela disse num se mete
Meu cumê já ta guardado
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Procurôr um reselvado
E a cacha do rango abriu
E cumeu de tudo um pôco
Na farofa ripitiu
Depois tumo capilé
Cuma num tinha café
E imbuzada e durmiu
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Horáro que cunsiguiu
A passagi pra cumprá
No finá do ôtro dia
Poi se logo a si pensá
Qui já vortava im dois dia
E então se mardizia
Num tinha Cuma ivitá
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Na hora de merendá
Dispoi qui o dia amãeceu
Istava toda quebrada
Qui sentada adurmeceu
Foi no banhêro e vortô
Junto à caxa se assentô
Munta farofa cumeu
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O mé de ingem bebeu
Arrotou e repetiu
Cumeu farofa de ovo
Um forte chêro sintiu
Achô que num era nada
É pruque tava abafada
Quessi mau chêro saiu
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Munto até se divirtiu
Té a hora de armuçá
Andô de iscada rolante
Num quiria mais pará
Das paisagi que assistia
Tirô umas fotografia
Quera pro mode amostrá
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Ia sirvi pra rescordá
E mostra prus cumpanhêro
Poi num ia inté Som Paulo
Japão, ou Ri de Janêro
Mai tava curtino a vida
Mermo a viagi sufrida
Sem cunforto e disispêro
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E passô o dia intêro
Vei à tarde a hora bôa
Não armuçô de anciosa
Pensano como se vôa
Almentava a imoção
Sulerava o coração
O sofrê num era atôa
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E ajuntosse as pessôa
Qui chegava pra viági
Fez chekim e achô face
Inviou as imbalági
Mas a caxa da cumida
Tava bastante fedida
Ela intão logo reági
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Condo pegaro a bagági
Preguntaro quera aquilo
Ela disse é cumida
Tu pode ficá tranqüilo
Qui sô preta privinida
Ando lordi e bem vistida
Tudo isso é meu istilo
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Mai já ôvi um impecilo
A caxa num imbarcô
O auroma era forte
Logo ali incomodô
Pra acabá a questão
Dissi eu levo na mão
O fiscá se assustô
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Di supetão arrastô
Dê pra cá minha cumida
Eu fiz cum tanto trabai
Só sei andá privinida
Seis gosta di confusão
Dêxe queu levo na mão
A viági nué cumprida
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Pra Ricife a minha ida
Num tem pressa nem ressei
Dexe eu passar seu fiscá
Arredi tudo do mei
No ar, o puro azidúme
E ela chêa de ciúme
Passano grande aperrei
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O fiscá ficô vermei
Mandô o povo afastá
Ela logo entrô na frenti
Todo mundo a espiá
E machô pro avião
Qui nem bala de cãião
Era capaiz de pegá
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Quizero li interrogá
Mas nada adiantô
Fizero intão vista grossa
No avião ela intrô
Se assentô no lugá certo
E a caxa fedida perto
Ninguém mais lhe incomodô
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E o avião imbarcô
A caxa apertô qua mão
Que tava im cima das coxa
Já foi chamada atenção
Mas disse fique tranqüila
Queu trago nessa moxila
Só a minha refeição
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Moça de boa feição
Fiscalizano se foi
Mandano bota os sinto
Mas vorto logo dispôi
Olhou pra caxa fedida
E disse: tu é privinida
Ela respondeu, e apôi!!!
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O avião tomô voi
A nega se arripiô
Deu um grito assulerado
E todo mundo espiô
Gritano ai!! minha barriga!!
Ta mi dano uma fadiga
E ninguém se agüentô
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Quem já sitia o fedô
Cumeçô a compará
Pensava que era peido
Mai fidia sem Pará
Quanto mai ele subia
Mais a catinga fidia
Viero lhe perguntá
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Morena olhi pra cá
Ela olhano pra jinela
A sinhorita istá bem?
A pregunta feita a ela
Boa dimais pro siná
Mai nada de arredá
A sua mão das panela
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Perguntô se era favela
O qui via lá de cima
A eromoça surrindo
Respondeno em tom de rima
E dice não sinhorita!
Fora a paisagi é bonita!
Mas aqui, pense num clima!
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Siva disse minha prima
A eromoça fastô
E já chamô- lá de irmã
A gíria já cumeçô
Qualé a tua meu bem
Eu num pertubo ninguém
A roleta cumeçô
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A nega se levantô
A caxa então se abriu
Caiu o vidro de mé
No corredô se partiu
Na eromoça deu intalo
Ela pegou o gargalo
Ligero se priviniu.
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Quando o piloto invertiu
O sintido do avião
Na curva a mêa banda
A caxa rolo no chão
E a farofa de ôvo
Espaiô nos pés dos povo
E se abriu o rubacâo
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Da farofa du capão
A tampa saiu tombém
E a farofa escurria
Junta cum o mé de ingém
I bateu nela a fraqueza
Condo viu sua riqueza
Lá no chão num vai e vem
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Logo apariceu olguém
Lhi chamô pra cunvessá
Apanhô o que sobrô
E dava pra apruveitá
Escapô o capilé
E um pacote bem filé
Que ninguém quis cumentá
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Chegô no dito lugà
O Ricife tão quirido
Foi desseno o avião
Ela fexô os uvido
Na hora quele parô
A nega se levantô
Passou pru cima dos vrido
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O seu cabelo cumprido
Na pressa ia abanano
Quem inda tava assentado
Logo ia se levatano
Poi aquele xêro forte
Contagiava o transporte
Pois ela ia carregano
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E a sacola levano
Foi pra sala de inspera
Pegô a mala do avô
Cunfiriu logo se era
E saiu pru lá andano
Todo mundo li ispiano
Vos chamava de miséra
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Sortano sempre piléra
Ia siguino seu distino
Vortava no mesmo dia
Lamentô seu disatino
Sofreno de anti-mão
Cum zunido im refrão
Na zurêa um som de sino
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Fou num banhêro grafino
Fazê as nicissidade
Lá usôr um cuntonete
Mai num viu filicidade
Poi a ainda mai duía
E a catinga li siguia
Pra sua infilicidade
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Andô pôco na verdade
Retratos foi resumido
A fome num apertô
Niguem era cunhicido
Vem a primêra chamada
Já estava acusmada
Neim palavrão neim ruído
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O xêro forte vincido
Do pacotim lá de mão
Num quis botar na bagagi
Dixe eu levo no avião
Que tu dêxe ou num dêxe
E machô fedeno a pêxe
Sem sabê quá o portão
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Chamava intão ateção
O pacote qui trazia
Qui quanto mai infregava
Mai o danado fidia
Tava inté bem inrrolado
Num pacote bem suado
Qui inté água iscurria
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Quem lí oiáva surria
Só cum pena da morena
Pensava qui o fedô
Era das parte piquena
Poi quem nela se incostava
Menó nomi qui chamava
“Fedô da gota serena”
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Cortada dipressa a sena
Condo a chamada si fez
Poi si levanto primêro
Deu rabissaca di vez
Machô em rumu o avião
Cum a sacola na mão
Numa sobrada altivez
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U sonho quera de mês
Duma viagi comprida
Cum dois dia ia vortá
Bastanti disiludida
Já tava a fomi apertano
Condo itrô foi se assentano
Lançano mão da cumida
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Aquela água iscurrida
Do papé di inrrolá pão
Acumulô na sacola
Qui ela trazia na mão
Já abriu o capilé
Se ispriguissôsse e impé
Chamô do povo atenção
98
Insençou o avião
Aeromoça veiu vê
Cum chêro de bacalhau
Paricia num sei cum quê
Era um pacote de quejo
Cardápo do sertenejo
Que troxe mode comê
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E danosse a iscorrê
Do saco passô pru banco
Pegô um quêjo e partiu
Qui já mum tava mai branco
E danô no mei dur dente
Insensano o ambiente
Cum istupidei e arranco
100
Dava um paimo seus tamanco
Um pé tamanho quarenta
A erumoça lhi olhou
Ca boca toda sebenta
Falou cum maió carim
Pidiu o papé do chequim
Tinha quejo inté na venta