O censo do matuto (FINAL)
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Tá ispiano os meus pé
Mocotó só tem rachão
É do calor da predêra
Poi ando de pé no chão
E se tu tá admirado
Óia os côro incaliçado
Das paima de minha mão
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Botina eu num uso não
Uso apragata de sola
Capricho cum pé de ferro
Condo a danada discola
Uso brocha da cumprida
Bato a bicha bem batida
Que num pricisa de cola
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Se nunca fui in iscola
Só estudei o mobrá
A cartilha de abc
Donde aprendi mi assiná
Eu num sei ispressá bem
Mai vou contano o que tem
Mode seu moço anotá
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Tenho feijão macassá
Um silo chei pura prôa
Uma rocinha de fava
Cum mí que já se pendôa
Quase todo bunecano
E o feijão canivetano
Que dá inté cum a garôa
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Fava amaigosa ou bôa
Só possu falá da minha
Eu pranto da ciarenssa
Tombem pranto mulatinha
Cunzinha qui si dirmancha
Que chega apaga ar mancha
Condo num é bem branquinha
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Mato uma bacurinha
Pra eu e avéia cumê
Separo o toissim da carne
Que a carne é pra vendê
Boto sá nos mocotó
É que a parte mió
E faz o véi se acendê
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Dêxo a banha derretê
E guardo numa vazia
Qui é mai sadí que óio
Quem sabe mermo é Maria
Faz inte bolo de caco
Nunca mi enche o saco
Nem recrama de azia
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É de grande sirvintia
Mata inte bicho de pé
Do côro ela fai torrêro
Nóis toma inte cum café
Fai farofa incibolada
Nunca deu barriga inchada
De tão pura quela é
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Num gasto nem cum papé
Nem cum seda pra cigarro
Meu cachimbo é de angico
Meu fumo não dá pigarro
Dum rolo de extra forte
Nóis fuma inté purisporte
Pra dá gostim a o iscarro
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Usamo pote de barro
Que inda foi de vó minêra
Dêxa a iagua bem friinha
Quasi ingual a geladêra
Nóis toma mé de abêa
Nóis armoça janta e cêa
Sem pricisá í na fêra
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Incerro minhas bestêra
Mode o sinhô discançá
Faça aí seu relatóro
Mai num mim mande assiná
Vou contá o meu segredo
Poi só sei butá o dedo
Nu lugá que tu mandá
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Brigado pru se ispressá
Disse o moço aquela hora
Nunca vi coisa tão bela
Poi gostei da sua históra
Deu xau pra eu e maria
E ainda no mermo dia
Merendô e foi simbora
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