SAUDADES
Algumas situações vivi, outras não, porque a gente sente saudade até do que não viveu. A Venda de Inturido é real, acho que a lembrança vem pelos bombons que ele dava após a mercearia que mamãe fazia. Crianças guardam os doces da vida rsrsrsrs
Nada é incontrolável
Se o cabra usa o siso
A emoção só acaba
Com espírito impreciso
Foge, covarde, da dor
Desgraça-se no torpor
Velho capacho de piso
Saudade, Deus me perdoe,
É mazela em nosso peito
Quando é saudade da nega
Que não nos amou direito
Explorou nossa decência
E depois, sem ter clemência,
Descartou-nos, sim, a eito!
Peguei trem na estação
Da Itabaiana querida
Para vir a João Pessoa
Decidir a minha vida
Porém saudade inda tenho
Da região do Engenho
No dia da despedida
A saudade não partiu
Ela é a companheira
Do solitário ermitão
Que não caiu na besteira
De viver pela cidade
Naquela ansiedade
De todo mês fazer feira
Saudade dá da cambraia
Que tu usavas de noite
O vento frio batia
No nosso rosto em açoite
E eu pra te aquecer
Agarrava-te pra ter
A lua no entrenoite
Saudade do requebrado
De Maria Tribufu
Saudade da sua tanga
Na praia de Tambaú
Saudade do meu pião
E de mamãe, do pirão
Da fazenda, do zebu
A saudade mais querida
É do tempo de criança
Primeiros dias de escola
Do fim de ano a festança
Presente de Pai Noel
Mamãe fazendo pastel
E do "assustado" a dança
Na colheita de algodão
Dava-me uma alergia
Porém eu ia pro campo
Com tão grande alegria
Que mamãe vendo, chorava
E papai me acarinhava
E disso tudo eu sorria
Da venda de "Inturido"
Da velha Loja Paulista
Do tempo que começou
O grupo tropicalista
Do semi-árido bioma
Esta saudade me toma
Como alma de artista