TRISTES SEQUELAS DA SECA!!!
TRISTES SEQUELAS DA SECA!!!
Céu azul sol escaldante
Terra enxuta, desencanto
Dos olhos naquele instante
Começa verter o pranto
Pede proteção Divina
Mas, parece até que é sina
A triste situação
A seca assola de novo
E lhe faz juntar seu povo
Pra sair lá do sertão
Isso para o homem forte
Que tem a mão calejada
Dói-lhe como fosse um corte
De uma cruel punhalada
Que muitas vezes não mata
Porém, machuca, maltrata
Deixando-lhe cego de dor
Pede a Deus em seus apelos
Que acabe esses pesadelos
Desse povo sofredor
E por demais causa mágoa
Esses tempos de estios
Barreiros estão sem água
Seca as cacimbas dos rios
Sem ter feijão nem farinha
Até a última galinha
Que restava em seu terreiro
Não tem mais, já foi vendida
Pra que se compre comida
Com esse pouco dinheiro
A meninada sofrendo
Magra, fraca, desnutrida
De fome quase morrendo
A mulher desfalecida
De passar necessidade
Com essa fatalidade
Está muito aperreado
Olha pro céu e pro chão
Sem ter no bolso um tostão
Ainda mais, desempregado
A tarde morre sombria
Com o sol da cor de brasa
É triste o final do dia
O velho peito se arrasa
A noite bem calma avança
Alimentando a esperança
Murmura em penoso afã
Com palavras de carinhos
Deus: será que meus filhinhos
Terão comida amanhã??
Assim a noite se passa
Ele naquele abandono
Já amanhece sem graça
Não dormiu sequer um sono
O sol nasce atrás da serra
Espalhando sobre a terra
Seu lindo e dourado véu
Lamentou desanimado
Não foi sequer avistado
Nenhuma nuvem no céu
Diante o quadro penoso
Não há outra solução
Mesmo triste pesaroso
Arruma seu matulão
Numa fria madrugada
Colocam os pés na estrada
Ele a mulher e as crianças
O seu chão aconchegante
Ficando pra trás, distante
Não sai das suas lembranças
E lá de cima do monte
Para, olha e diz, talvez
Que desse belo horizonte
Seja essa a ultima vez
Que dele vejo a imagem
Quero guardar a paisagem
Aqui na minha memória
Do meu belo lugarejo
E assim desse sertanejo
Narrei sua triste historia!!
Carlos Aires 10/07/2011