A NATUREZA TOMOU / TUDO QUANTO TINHA DADO!!!
NOTA SOBRE O AUTOR DO MOTE!
Antônio Marinho, Águia do Sertão, Faraó e precursor dos repentistas de São José do Egito, ancestral de uma família de grandes poetas, quatro meses e dezenove dias antes de morrer, em 1940, nos deixou escrito um poema contendo 25 estrofes, com o mote:
A natureza tomou
Tudo quanto tinha dado.
Segue uma estrofe desse exímio poeta de saudosa memória glosando o bonito mote:
Foram os prazeres de outrora
Que passaram de momento
E tenho como pagamento
As consequências d’agora.
Na minha vida uma hora
Pra mim é fardo pesado;
Há um tempo sentenciado
Quem me prendeu não datou
A natureza tomou
Tudo quanto tinha dado.
O poema completo consta no livro “Antônio Marinho do Nascimento” de Ivo Mascena Veras.
Esse belo mote está sendo glosado por diversos poetas na coluna “cordas virtuais” no Site INTERPOETICA a disposição de qualquer poeta que queira participar.
Lá já deixei a minha colaboração e aqui resolvi também glosar algumas estrofes nesse belo tema.
A NATUREZA TOMOU
TUDO QUANTO TINHA DADO!!!
(Mote de Antonio Marinho do Nascimento)
(Glosas Carlos Aires)
A natureza me deu
Vida vigor e saúde
Beleza na juventude
Mas, depois se arrependeu
Pensei que tudo era meu
Porém estava enganado
Hoje já estou relegado
Ao nada que me restou
A natureza tomou
Tudo quanto tinha dado.
E dos prazeres da vida
Perdi o brilho e o lume
O meu viver se resume
A uma dor incontida
Ontem aurora reluzida
Hoje crepúsculo apagado
Das virtudes do passado
Nenhuma sequer sobrou
A natureza tomou
Tudo quanto tinha dado.
Os encantos joviais
Namoros festas e farra
Tudo isso o tempo amarra
E cadê que solta mais
Aquele outrora jamais
Irá ser vivenciado
Já me sinto acabrunhado
Meu bem viver já passou
A natureza tomou
Tudo quanto tinha dado.
Das alegrias de antes
Ora só restam tristezas
As faces tinham belezas
Hoje rugas torturantes
Os detalhes dos semblantes
A cada instante é mudado
Do meu palco iluminado
A cortina se fechou
A natureza tomou
Tudo quanto tinha dado.
Meu teatro reluzente
Perdeu brilho, está opaco
Estou me sentindo um caco
Meu fracasso é aparente
Já estou velho e doente
E, além disso, cansado
Numa bengala apoiado
A cada passo que dou
A natureza tomou
Tudo quanto tinha dado.
Já não sei se amanhã
De está vivo tenho a sorte
Pra nos defender da morte
Não existe talismã
Pois a macabra vilã
Vive com seu bote armado
Num momento inesperado
Colhe o que nunca plantou
A natureza tomou
Tudo quanto tinha dado.
Carlos Aires 04/06/2011