O PRANTO NOS OLHOS DO SERTANEJO!!!
O PRANTO NOS OLHOS DO SERTANEJO!!!
Os olhos que vertem água
Dos sertanejos errantes
São duas fontes de magoa
Que foram jorrar distantes
Do seu sertão ressequido
De onde já foi tangido
Pela seca tão cruel
E a lágrima que banha o rosto
Tem o sabor do desgosto
Tão amargo quanto fel!!
São gotas d’águas salgadas
Que brota em forma de prantos
Nas faces já enrugadas
Pelo sofrer que são tantos
Lamento dor e amargura
Persegue essa criatura
Que já vive em desengano
Já sente medo e cansaço
De enfrentar mais um fracasso
Costumeiro a cada ano!!!
Com o peito amargurado
Olha em direção ao norte
A pensar desanimado
Será que inda tenho a sorte?
De voltar pra minha terra
Viver no meu Pé-de-Serra
O meu lugar preferido
Onde estão minhas raízes
E passei meus dias felizes
No lugar que fui nascido!!!
Será que ainda revejo?
Papai, mamãe, cada irmão
Por isso é que tanto almejo
Voltar lá pro meu sertão
Pra criar bode, galinha
Até mesmo uma vaquinha
Se acaso eu puder comprar
Alimentando esses sonhos
Vive momentos risonhos
Só pensando em regressar!!!
Pensa na casa modesta
Em que vivia contente
Onde cantava seresta
Sentado lá no batente
Tocando a sua viola
De quando jogava bola
No aceiro do terreiro
Do armador na parede
Onde dormia na rede
Sob a luz do candeeiro!!!
O cachorrinho vira latas
Magrinho, mas caçador
Aquelas lindas mulatas
Das quais mendigava amor
Por quem vivia iludido
Jamais foi correspondido
Mas, não se sente enraivado
A espingarda de caça
Até da velha cabaça
Que levava pro roçado!!!
A rapadura batida
Com água fria de pote
A vaca velha parida
O touro grande, o garrote
Comer puro sem mistura
Levava uma vida dura
Mas, tinha felicidade
Com a mão calejada e grossa
Era feliz lá na roça
O que não é na cidade!!!
Assim deu pra entender
Que o pranto não é em vão
É por tanto padecer
Distante do seu torrão
Esse homem sofredor
Que amarga o dissabor
De viver lá no Sudeste
Desejo que o tempo avance
E dê a ele outra chance
De voltar para o Noroeste!!!
Carlos Aires 27/05/2011