O RETRATO FALADO DO SERTÃO !!!

O RETRATO FALADO DO SERTÃO !!!

A cabaça de colo, bem cintada

Com uma corda amarrada na cintura

Um bornal com farinha e rapadura

Amarrado no cabo da enxada

A camisa velhinha já rasgada

Na cabeça usando um chapelão

Um velhote com um feixe de ração

Vai puxando uma cabra com um cabrito

Com a cena comum deixei descrito

O retrato falado do sertão!!!

Um cigarro de palha atrás da orelha

Mostra bem sua marca registrada

Pendurado nas palhas da latada

Dá pra ver uma casa de abelha

Um burrego mamando na ovelha

Que está ruminando no oitão

Com uma calça de caqui e os pés no chão

O campônio se sente bem trajado

Acredito que assim está traçado

O retrato falado do sertão!!!

Uma junta de bois vai transportando

Uma carga de palmas ou de palha

Um jumento debaixo da cangalha

Um cachorro sentado se coçando

Um bezerro perdido está berrando

Um menino armando um alçapão

Um pintinho nos pés de um gavião

Um cevado comendo na gamela

Em detalhes aos poucos pinto a tela

Do retrato falado do sertão!!!

A cabocla saudável e faceira

Carregando um pote cheio d’água

O anum está chorando sua magoa

Lá no galho de um pé de catingueira

O vaqueiro alegre na cocheira

Está cuidando do gado do patrão

Sabiá nas ramagens do melão

Enche o papo e gorjeia tão contente

Tudo isso que sai da minha mente

É o retrato falado do sertão!!!

Uma velha deitando uma galinha

Uma cerca de vara, uma porteira

Um moleque com sua baladeira

Está tentando matar uma rolinha

Lá no fogo de lenha da cozinha

A patroa prepara a refeição

Um guisado de bode ou um pirão

Pra que mate a fome do seu povo

E assim outra vez pintei de novo

O retrato falado do sertão!!!

As verdades descritas no relato

Que em versos agora deixo escrito

Só quem sabe isso tudo eu acredito

Que é o poeta que já viveu no mato

E assim eu procedo, pois de fato

Sou nativo daquela região

Eis aí o motivo e a razão

De fazer meu poema sertanejo

Descrevendo em estrofes como vejo

O retrato falado do sertão!!!

Carlos Aires 26/03/2011

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 26/03/2011
Reeditado em 27/03/2011
Código do texto: T2872400
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