RENOVAÇÃO DOS SONHOS

A beleza da verbena

Faz os dias mais risonhos

Busco transformar no canto

Os cenários mais medonhos

Ribombo na cantoria

Pois pra mim a alegria

Está em renovar sonhos

Quando se acabar a liça

E eu puder descansar

O arvoredo fechado

Haverei de contemplar

Um campo de girassol

O ouro do arrebol

Sem contas para pagar

Sou couro de jacaré

Sou pernas de emboá

Sou dente de tubarão

Mas sou filho de babá

Que dos outros cuida tanto

Mas não enxuga os meus prantos...

Sou um pobre tupinambá

Sou camelo no deserto

Forçadamente estradeiro

Sou ave de arribação

Sou cipó de marmeleiro

Sou um jumento na estrada

Que não serve mais pra nada

Sem encontrar paradeiro

Filosofar no repente

Nisso tenho liberdade

Sou onda impetuosa

Sem demonstrar caridade

Nada me detém, nem medo,

Aos poucos venço o rochedo

E me espalho na cidade

Por todo canto catuco

Pois também sou de mexer

Jogo a metrificação

Para dá maior poder

A estrutura rimática

Juntando-se à matemática

É capaz de enternecer