XÔ CATIMBÓ E MEIZINHA AGORA EU VÔ PRO DOTÔ!!! (CAUSO)

Esse causo foi escrito no genuíno matutêz nordestino, aviso aos distintos leitores de outras Regiões que se sentirem dificuldades de entender o sentido das palavras do texto acompanhem com o áudio que irá entender tudo. Obrigado Carlos Aires

XÔ CATIMBÓ E MEIZINHA AGORA EU VÔ PRO DOTÔ!!!

Mi proguntaro asto dia

Cumé qui tutais Juaquim?

Respondi sem arrilia

E foi mais ou meno assim

Eu tô mei disleriado

Os mocotó tá inchado

Tô sintinno um farnizin

Pió qui pirão de sebo

Andano iguarmente um bebo

Sem mi aprumá no camim!!!

Um gôgo me aperriano

Queu tusso pra mi lascá

Um insporão me furano

Bem no mei do caicanhiá

Qui me dexa essa manquera

Tomém sofro uma cocêra

Aqui nas parte da frente

Vivo anssim nessa quizila

Num tenho a vida tronquila

Quiném tinha antigamente

Sofro de dô incausada

De ispinhela caída

De junta descunjuntada

Na canela uma firida

Qui vevi a martratá eu

Já virô “sarou morreu”

Disso tô ciente e certo

Arre cum quanta mazela

Tô cum pigarro na guela

Tomém cus’peitos aberto

Tô tumano uma meizinha

Qui seu Mané fêis pra eu

Cum titica de galinha

Cidrêra, eiva-doce, breu

Tem casca de quixabêra

De pau-carrasco, aruêra

Raspa de pau-angelim

Jucá, jatobá, angico

Catuaba, grão-de-bico

Feijão-de-boi e gergelim

Mé de abêia jataí

Cravo do reino pimenta

Semente de calumbí

Vinte gota de água benta

Tem foia de maiva-rosa

Inté baba de babosa

Ali Seu Mané butô

Tumei cum todo coidado

Num rugime insagerado

E as mazela num passô

Aí eu dixe tá rim

Pos tô cada veis pió

Minha veia dixe assim

Acho quisso é catimbó

Vai lá no congá de Chica

Que toda essa trumbica

Qui tu tem vai se acabá

Sinti assim um receio

Mai sigui o seu cunceio

Fui direto pro Congá!!

Dona Chica proguntô

Uqué qui voismicê tem??

Dixe é as mão cum tremedô

Os pés tremeno tomém

Disarranjo de institino

Meu pescoço já tá fino

E o bucho inchô, cresceu

Nos uvido inscuito uns grilo

Nem me alembro mai daquilo

Num sei o qui acunteceu!!

Sinto um fastio disgamado

Uma sede da bixiga

Amarelo, dicorado

Arroto-choco, lumbriga

Vista curta dô de uvido

Cum o coipo esmurecido

Sem corage sem alento!!

Dona Chica, eu sofro tanto

Se dói quonde me alevanto

Tomém dói quonde me asscento

Ela dixe insperaí

Queu vô vê se dô um jeito

Pru favô se assente ali

Incaloque a mão no peito

E arripita o que digo

Pra mode eu vê se consigo

Discubri o qui se passa

Nessa sua mente fraca

Acho qui essa urucubaca

É um feitiço da disgraça

Pegô rezá uns bendito

Cuns gai de arruda bateno

Quaje qui nun acredito

Naquilo queu tava veno

Ela chorava gemia

A boca fechava e abria

Suava de riba a baxo

Passô uma meia hora

Dispois disse vassimbora

Vou lhe aprontá um dispacho

Amenhã ditardezinha

Voismicê torne a vortá

Mi traga quato galinha

Um bode mode matá

Qui é pra vê se agrada o santo

E afugenta esse quebranto

E tudo o qui o sinhô sente

E além do que já foi dito

Nesse papé tá inscrito

Os zoto zingridiente

Dalí saí ligerin

Vortei pra casa cansado

No otô dia cedin

Tudo qui tava anotado

Comprei lá in “Seu Bigode”

Peguei as galinha o bode

Juntei tudo e fui in frente

Cum aquelas mercadoria

E bem no finar do dia

Eu chei lá novamente!!

Fiz a intrega do pedido

O qui acunteceu num sei

Mai já tô disiludido

Pois in nada miorei

Se o santo num se agradou

Ô se Chica num honrô

O cumpromisso selado

Feiz um seviço fulêro

Eu só fiz gastá denhêro

E continuei lascado!!

Num tomo meizinha mais

E nem vô pra catimbozêro

Pruque milaigre quem faz

É nosso Deus verdadêro

Que é pai e superiô

Vou procurá um dotô

Pra vê se fico curado

Cum meizinha e catimbó

Gastei dinhêro qui só

Sem ter nenhum resultado!!!

Carlos Aires 16/02/2011

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 16/02/2011
Reeditado em 16/02/2011
Código do texto: T2795999
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