MEU CORAÇÃO SERTANEJO!!!
MEU CORAÇÃO SERTANEJO!!!
Eu vim lá do meu sertão
Não foi por livre vontade
Por causa da sequidão
Eu migrei para cidade
Mas o sertanejo nato
Só vive feliz de fato
Naquele seu Pé-de-Serra
Longe de asfalto e favelas
Olhando as paisagens belas
Que existem na sua terra!!
Cuidando o gado que pasta
Na fazenda do patrão
Correndo a campina vasta
Montado num alazão
Molhando os pés no orvalho
Ouvindo o som do chocalho
Sentindo o cheiro do mato
Subindo serra e outeiro
Come a fruta de facheiro
E se banha no regato
Come favo de mel puro
No cortiço de uruçu
Chupa o fruto bem maduro
Colhido do pé de umbu
Bebe água de biqueira
Mesmo sem ter geladeira
É gostosa e bem friinha
Num pano ela foi coada
E depois armazenada
Na jarra, ou numa quartinha
Toma café natural
Seja forte, ou seja, fraco
Tem sabor especial
Por ser torrado no caco
Puro, sem conter mistura
Provindo da agricultura
Nas serras da região
De muito longe se escuta
Os ecos da força bruta
No tum, tum, tum do pilão
Usa a força dos bois
Para o trabalho pesado
Transporta carga e depois
Corta terra com o arado
A canga sobre o pescoço
Calmos não fazem alvoroço
Seja na chuva ou sol quente
Trabalham o dia inteiro
Obedecendo ao carreiro
Puxa o carro e vão em frente
Olha a lua branquinha
Que surgiu atrás dos montes
Raios do sol, à tardinha
A cruzar os horizontes
Dando ao céu um tom mesclado
E no crepúsculo dourado
A paisagem inebria
Irradiando beleza
Mostra de Deus a grandeza
Ao final de cada dia
Ouve o inhambu chitão
Piar no pé da ladeira
O quero-quero o carão
O rangido da porteira
Sente aqueles odores
Que exala as belas flores
Nos ramos do camará
Passa o maior vexame
Pra se livrar de um enxame
De abelhas de arapuá
Assim deixo esclarecido
O motivo e a razão
De viver tão deprimido
Distante do meu sertão
Morando aqui na cidade
Perdi toda liberdade
Que tinha em meu lugarejo
Não vivo aqui satisfeito
Pois bate nesse meu peito
Um coração sertanejo!!!
Carlos Aires 20/01/2011