PRÁ DEUS E P'RUIS BICHO BRUTO/ UIS HUMANO É TUDO IGUÁ...- Cordel Matuto
PRÁ DEUS E P’RUIS BICHO BRUTO/ UIS HUMANO É TUDO IGUÁ...
Literatura de Cordel
Autor: Bob Motta
N A T A L – R N
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Num tem credo nem tem cô,
qui mude essa cundição.
Seja mindigo ô ricão,
anaifabeto ô dotô.
Seja aluno ô professô,
seja burro ô geniá,
Deus vai sempre abençuá,
o praiano e o matuto,
PRÁ DEUS E P’RUIS BICHO BRUTO,
UIS HUMANO É TUDO IGUÁ.
Cavalo, cadela e cão,
gato, galinha, pirú,
arara, pavão, arubú,
num faiz quaiqué distinção.
Carnêro, pôico barrão,
pêxe qui vai se pescá,
nuis açude ô arto má,
num sabe quem é corruto,
PRÁ DEUS E P’RUIS BICHO BRUTO,
UIS HUMANO É TUDO IGUÁ.
O leão, o jacaré,
a girafa, o jabuti,
o guaxinín, o quati,
a galinha, o garnizé;
vendo o hôme ô a muié,
é a mêrma coisa; é normá.
E Jesus, pode apostá;
in tôdo e quaiqué reduto,
PRÁ DEUS E P’RUIS BICHO BRUTO,
UIS HUMANO É TUDO IGUÁ.
Seja o cabra, um gigolô,
seja êle, honesto ô ladrão,
seja a muié, sapatão,
cuncumbina de dotô;
Papai do Céu tem amô,
misericórdia prá dá.
Num adianta apontá,
viado jove ô aduto,
PRÁ DEUS E P’RUIS BICHO BRUTO,
UIS HUMANO É TUDO IGUÁ.
Prá Deus, Tôdo Poderôso,
todos merece o perdão.
Êle tá no coração,
de todos; é um Pai zelôso.
Inté mêrmo um criminôso,
qui cumprindo a pena, tá;
se errô, tem qui pagá,
pagando, tem seu indurto,
PRÁ DEUS E P’RUIS BICHO BRUTO,
UIS HUMANO É TUDO IGUÁ.
Quando um leão tá caçando,
e pega um pobre nativo,
se já tá morto ô tá vivo,
êle já vai devorando.
Ao coitado, vai traçando,
à luz do só ô do luá.
Uis nativo a percurá,
só incontra uis ósso inxuto,
PRÁ DEUS E P’RUIS BICHO BRUTO,
UIS HUMANO É TUDO IGUÁ.
Mais se acauso é um ricaço,
lhe juro na minha crença,
p’ru leão, num faiz diferença,
num tapa, vira bagaço.
No coitado, dá um abraço,
tipo de tamanduá.
Dispôi, é só retaiá,
o coitado do biruto,
PRÁ DEUS E P’RUIS BICHO BRUTO,
UIS HUMANO É TUDO IGUÁ.
Deus potrege a mansidão,
o fazedô de intriga,
a ispôsa, a rapariga,
o fresco e o sapatão.
Perdoa a todos cristão,
mêrmo uis qui véve a pecá.
Cumo Pai, véve a afirmá:
Curpa a ninguém eu imputo;
PRÁ DEUS E P’RUIS BICHO BRUTO,
UIS HUMANO É TUDO IGUÁ...
Autor: Roberto Coutinho da Motta
Pseudônimo Literário: Bob Motta
Da Academia de Trovas do RN.
Da União Bras. de Trovadores-UBT-RN.
Do Inst. Hist. e Geog. do RN.
Da Com. Norte-Riog. de Folclore.
Da Associação DOS Poetas Populares do RN-AEPP.
Do Inst. Hist. e Geog. do Cariry-PB.
E-mail: bobmottapoeta@yahoo.com.br
Site: WWW.bobmottapoeta.com.br
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