SOU A IMAGEM DO SERTÃO!!!
SOU IMAGEM DO SERTÃO!!!
Moço olhe esse meu jeito
De matuto grosseirão
Me observando direito
Vê a imagem do sertão
Na minha pele tostada
Na minha mão calejada
No meu jeito de falar
Eu trago a cara do mato
Sou o perfeito retrato
Das coisas do meu lugar!!
Carrego o jeito rasteiro
Das ramas do pé de umbu
Sou o espinho de facheiro
A flor do mandacaru
Eu sou o pé de jurema
O grito da seriema
O canto do sabiá
Sou raposa traiçoeira
Correndo na capoeira
Pra ver se pega um preá
Eu sou o olho que chora
O clamor da seca ingrata
Assovio de caipora
Lá nos aceiros da mata
Sou a casca de umburana
Sou o mel da jitirana
Que a abelha tira da flor
Sou o canário gabola
Que preso numa gaiola
Canta seu canto de dor
Sou a piaba faminta
Que se ferrou no anzol
Eu sou a lavoura extinta
Com a quentura do sol
Sou a coruja agourenta
Sou acauã que lamenta
Com seu grito de tristeza
Eu sou o leito do rio
Completamente vazio
Sem água pra correnteza
Sou o carcará malvado
Que sobrevoa a baixada
Sou o mocó assombrado
Sou a caatinga pelada
Sem ter sombra água ou pasto
Sou o campo seco e vasto
Onde o boi sai procurando
Comida pra seu sustento
Sem conseguir seu intento
Cai e morre ali penando
Sou a fé do sertanejo
Que nunca perde a esperança
Sou a tristeza que vejo
No olhar de uma criança
Sou o pai que sente mágoa
Sou o barreiro sem água
Sou a panela emborcada
Sou a barriga vazia
Sofrendo a triste agonia
Por não ter comido nada
Sou a abelha Cupira
Que no cupim faz morada
Sou folha de macambira
Espinhenta avermelhada
Sou ramo de catingueira
Espinho de quixabeira
Sou fibra de caroá
A água tão cobiçada
Que se encontra acumulada
Nas folhas do gravatá
Sou a nuvem carregada
Que traz chuva e alegria
O frio da madrugada
A alvorada do dia
Com os seus raios de ouro
Sou forte tal qual um touro
Eu sou tudo isso moço!!
Crente e temente a Jesus.
Assim como “ZÉ DA LUZ”
Sou “Sertão em carne e osso”!!!
Sou o passado que passou
Sou o futuro que vem
Mas, presente é o que mais sou
Sem dever nada a ninguém
Sob o mesmo céu azul
Você do centro ou do sul
Cale a descriminação
Pois veja bem seu menino!
Eu sou o tal "Severino"
Nordestino seu irmão!
Carlos Aires
18/01/2011