Um dia eu vencerei
Agora eu vou narrar
A minha triste história
Das derrotas na minha vida
E a esperança de vitória
Eu ainda era criança
Com apenas nove anos
Começavam as desgraças
E também, os desenganos
Fui vítima de uma doença
Causada pela obesidade
Minhas pernas entortaram
Já com bem pouca idade
Alguns anos depois
Com um estrepe fui ferido
Deixando deficiente
O tímpano do meu ouvido
Além dos problemas nas pernas
E também, na audição
Atacou-me uma catarata
Ofuscando a visão
Onde irei encontrar forças
E uma razão para viver
Se já não posso ouvir, enxergar
E nem me locomover
Vejam só, que sofrimento
Que destino traiçoeiro
Surge mais uma enfermidade
Levando-me ao desespero
Sentindo uma intensa dor
Uma dor infernal
Passei por longos dias
Internado num hospital
Um pavor incontrolável
Tomou conta de mim
Ao saber que uma doença
Paralisou o meu rim
Com o outro funcionando
Embora debilitado
Parará de funcionar
Tem que ser transplantado
Faço sessões de hemodiálise
Um doloroso tratamento
Prolongando minha vida
Ou talvez, meu sofrimento
O peso da minha cruz
Terei que carregar
Não sei se suportarei
Se esse peso aumentar
Já não consigo encontrar
Uma razão para a vida
Só vejo em meu caminho
A esperança fenecida
É preciso que a esperança
Reviva dentro de mim
Isso só acontecerá
Se alguém me doar um rim
O tempo vai passando
O que muito me desespera
O meu nome é mais um
Na longa lista de espera
Ofereço uma casa
Ofertada de coração
Para quem me ajudar
Fazendo a doação
Pode parecer difícil
Mas não é impossível
Encontrar um doador
Com o sangue compatível
Sei o quanto é complicado
Oferecer um bem material
Por algo mais precioso
Que é um órgão vital
A proposta que eu faço
Peço a Deus compaixão
Que entenda o meu sofrer
E conceda-me Seu perdão
Quem sabe, algum dia
Minha sorte irá mudar
E que uma mão amiga
A minha venha apertar
E assim eu vou vivendo
Tendo sempre que seguir
Este espinhoso e árduo caminho
E o meu destino cumprir
Não constituí família
Vivo no ermo, na solidão
Tenho como companheiros
Uma sanfona e um violão
Uma qualidade inata
Com orgulho vou falar
Como dádiva de Deus
Sozinho aprendi tocar
Nas horas de mais angústia
De tristeza e depressão
Desabafo, busco alívio
Nas cordas do violão
Os sons dos instrumentos
Me trazem paz, me trazem calma
Contentam meu coração
Refrigeram a minh'alma
Procuro transformar
Os sons dos instrumentos
Em alegria e coragem
As tristezas e desalentos
Ficarei nessa aflição
Até quando eu não sei
Mas com fé em Jesus Cristo
Um dia eu vencerei