CUMO GOSTO DO SERTÃO...-Cordel Matuto.

CUMO GOSTO DO SERTÃO...

Literatura de Cordel

Autor: Bob Motta

N A T A L – R N

2 0 1 0

Gosto tanto do sertão,

do qui vivi nais caatinga,

qui mêrmo aqui na cidade,

onde nasci, tenho a ginga;

do matuto pabulôso,

do caçadô mintirôso;

danô-se, deu a mulinga.

O meu sabunête é feito,

de fôia de maimelêro.

A minha pasta de dente;

da rapa do juazêro.

Sendo poeta matuto,

o CD qui eu mais iscuto,

é de abôio de vaquêro.

Quando num é de abôio,

é d’uma boa canturia,

de forró de pé de serra,

de poeta e de poesia.

Isso traiz rescordação,

do meu amado sertão,

onde eu contente vivia.

Tenho no quintá de casa,

um fugão de aivenaria,

duas panela de zinco,

uma gamela e uma bacia.

Uma cuscuzêra de barro,

qui no seu chêro, eu me amarro,

na manhincença do dia.

Tenho meu pilão de peda,

tombém tenho o “valentão”,

qui é um liquidificadô,

qui o motô é minhas mão.

Qui eu uso no dia a dia,

e qui tem a séivintía,

de machucá o fêjão.

Uma lâmpada “Aladin”,

à querosene e pressão.

Cinco lamparina a gáiz,

e minha concha de fêjão;

é daquela qui o cabôco,

faiz de uma quenga de côco,

nais cunzinha do sertão.

Tenho a quartinha de barro,

bule de zinco e chalêra,

cêsta de páia trançada,

mode eu fazê minha fêra.

Mode alembrá d’eu criança,

e dais minha gaiofança;

um pião de goiabêra.

Tenho pegadô de brasa,

uma cúia de cabaça,

tudo mode preséivá,

nossa curtura, na raça.

Quando tô no meu lugá,

no fundo do meu quintá,

fico in istado de graça.

Tenho mêsa, tamburête,

tenho caneco de frande,

urupema, abanadô,

qui ais labarêda, ixpande.

Tôrno de pau na parêde,

mode eu aimá minha rêde,

dando uma de gente grande.

Tenho cumigo, do sertão,

o mais priciôso tisôro,

qui muntas vêiz, de emoção,

me leva àis ráia do chôro.

Saiba, querido leitô,

qui falo, cum munto amô,

do meu véi chapéu de côro.

Num tenho mais “guarda peito”,

num tenho mais meu gibão,

num tenho mais minha sela,

nem ferro de maicação.

Isso aí, tá bem guardado,

nais varêda do céicado,

qui ixiste in meu coração.

Ais vêiz, quando pêico o sono,

matutando, noite a dento,

choro feito uma criança;

de sodade, me arrebento.

No meu quintá, gloso uis mote,

sentado no “cabeçote”,

da cangáia do jumento.

Por tudo isso, eu me acho,

um indivído de sorte.

Cum êsse dom qui Deus me deu,

sô, do sertão, um repórte.

Caririzêro, afiná,

nascido na capitá,

do Rio Grande do Norte...

Autor: Roberto Coutinho da Motta

Pseudônimo Literário: Bob Motta

Da Academia de Trovas do RN.

Da União Bras. de Trovadores-UBT-RN.

Do Inst. Hist. e Geog. do RN.

Da Com. Norte-Riog. de Folclore.

Da União dos Cordelistas do RN-UNICODERN.

Da Associação dos Poetas Populares do RN-AEPP.

Do Inst. Hist. e Geog. do Cariry-PB.

E-mail: bobmottapoeta@yahoo.com.br

Site: WWW.bobmottapoeta.com.br

Busca no Google: Bob Motta Poeta Matuto.

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 28/12/2010
Código do texto: T2696048
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.