CARTA A PAPAI NOÉ E PIDIDO À GOV. ROSALBA - Matéria do Cantinho do Zé Povo-O Jornal de Hoje-NATAL-RN-Ed. 24 Dez.2010

I

Meu caro Papai Noé,

num tenho procuração,

mode falá p’ru ninguém,

nessa minha pitição.

Eu lhe peço de presente,

e digo, sinceramente:

Você, nada vai gastá;

à Gunvernadôra, intregue,

o pidido qui se segue,

prá curtura potiguá.

II

Gunvernadôra Rosalba,

Papai Noé tá levando,

nuis meus verso, meu pidido,

tudo o qui tô precisando.

Leia e vá matutando,

cum cáima, analisando,

pois tá à bêra da morte;

se a sinhora num saivá,

a curtura populá,

do Rio Grande do Norte.

III

Uis fôiguêdo populá,

já tá quage in ixtinção.

Nóis só conta cum ajuda,

da nossa população.

Órgão gunvernamentá,

só tem atenção prá dá,

in verso, digo à sinhora;

gunvêrno e aiguns produtô,

lhe juro; só dá valô,

a artista qui vem de fora.

IV

Cumeçando cum o cachê!

Duis artista potiguá,

quando munto, é dez p’ru cento,

duis qui vem de ôtos lugá.

Na hora de arrecebê,

a sinhora pode crê:

Prá nóis, é grande a demora;

p’ruis artista forastêro,

o “putufú” de dinhêro,

êles recebe é na hora.

V

Prá nóis falá cum um gestô,

é quage uma menhã intêra.

Ais vêiz, entra pura tarde,

levando “chá de cadêra”.

Quage sempre, apóis a ispera,

eu vô lhe dizê, de vera:

Êle manda arguém dizê;

de fóima impiedosa e fria,

prá se vortá ôto dia,

qui êle num pode atendê.

VI

Pode me acreditá;

me preste bem atenção.

Nuis dirmando in nossas praia,

nêsse úrtimo verão;

o “aché” foi quem dominô,

nossas praia, transfôimô,

numa coisa munto feia;

c’uma tristêza danada,

ví a orla transfóimada,

in “casa de luz vrêimêia”.

VII

Isso foi o qui se viu,

qui num dá prá agüenta mais.

Gunvernadôra Rosalba,

dêxe isso ficá prá trás.

Cunfíi munto na sinhora,

purisso lhe peço agora:

Nuis traga dias mió;

de fóima firme e sigura,

levante a nossa curtura,

cumo fêiz in Mossoró.

VIII

Dê apôi, faça cuncurso,

mode nóis participá.

É fóima de mantê viva,

a curtura populá.

Leve o cordel p’áis iscola,

qui inquanto a curtura rola,

a sinhora pode apostá;

qui o aluno, in sua jornada,

fica c’á mente ocupada,

sem tempo prá se drogá.

IX

Promova a nossa curtura,

sem receio e sem priguiça.

Aos artista potiguá,

dê apôi, faça justiça.

Leve nóis, in caravana,

tôdo finá de sumana,

faça interiorização;

dêxe a gente ispaiá,

a curtura populá,

da praia inté o sertão.

X

Se a sinhora fizé metade,

do qui fêiz in Mossoró,

nossa curtura invivece,

e vai sê munto mió.

Qui Deus lhe dê munta luz,

qui Maria e qui Jesus,

lhe incubra de munta sorte;

qui Êle têja do seu lado,

na sua gestão, no Estado,

do Rio Grande do Norte...

FELIZ NATAL!

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 24/12/2010
Código do texto: T2689672
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