A FEIRA DE ITABAIANA

O jornalista paraibano Fábio Mozart, em sua crônica de 26/11/10, "Bafafá e encantamento na feira",inspirou-me a escrever essas décimas sobre a feira de Itabaiana.

Na Feira de Itabaiana

Eu também vi esses cegos

De cantadores a pregos

Era um cenário bacana

De perfume a banana

De gelada a trancelim

De mágico a amendoim

O teatro da verdade

Que vendo a tua saudade

Suscitou saudade em mim

Contigo tomei cachaça

Nas barraquinhas de zinco

Era uma Facul, não brinco,

Tanta peleja, que graça!

Esta saudade a traça

Jamais pode corroer

Meu pensamento a correr

Volta para aquela feira

Pra ele não há barreira

Que o impeça de ver

E vejo Arlinda do peixe

E vejo o homem borracha

Zé Mariano se acha

Vendendo feijão em feixe

Zé Costa com almofreixe

Lotadinho de Cordel

Penca Preta no bordel

Bebendo cana com fava

E Fábio Mozart estava

Trabalhando o seu cinzel

Vi seu Luis do feijão

Joca da carne de charque

As putas no desembarque

Vi Berto da União

Vi bucho, vi camarão,

Zé Dudu do Bota Fogo

Vi o marchante Pirogo

O café do Teve Jeito

Carioca do confeito

E seu Adonis do jogo

Tem inhame, macaxeira,

Tem a feira do mangaio

Inda se vende balaio

Cinturão e cartucheira

Tem sela e tem peixeira

Quartinha, forma de barro

Bêbado com quem esbarro

Se tudo isso carrego

Mas é a visão do cego

A mais forte que agarro

Sander Lee