O MEU CARRO DE BOI É UM ARTISTA/ A CANTÁ NAIS ISTRADA DO SERTÃO...- Cordel Matuto.

O MEU CARRO DE BOI É UM ARTISTA/ A CANTÁ NAIS ISTRADA DO SERTÃO...

Literatura de Cordel

Autor: Bob Motta

N A T A L – R N

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No sertão, tem um evento singulá,

prá o quá cunvido, de peito aberto.

Quem lhe chama é Bob Motta, o Ruberto,

mode um meio de transporte, vê cantá.

Assiguro qui você vai adorá,

essa tão bunita apresentação.

É de graça, se achegue, meu irmão;

sê benvindo e passe in revista,

O MEU CARRO DE BOI É UM ARTISTA,

A CANTÁ NAIS ISTRADA DO SERTÃO.

No sertão do meu Carirí sedento,

uis cocão do meu carro faiz o côro,

sortando feito minino in preno chôro,

um gimido, uma ispécie de lamento.

Ô manêro, no solo puêrento,

ô chêíin, de lenha ô de caivão,

cum uis boi lhe arrastando in lentidão,

páimo a páimo, o camíin, êle cunquista,

O MEU CARRO DE BOI É UM ARTISTA,

A CANTÁ NAIS ISTRADA DO SERTÃO.

Cum uma légua, se ôice o seu grito,

se êle vem, intupido, carregado,

apôis, quanto mais o bicho mais pesado,

o seu brado se torna mais bunito.

Sôbre êle, muntas coisa se tem dito;

mode o sêbo, in seu eixo, cum caivão,

êle sorta, cum fôrça, o vozêrão,

num tem ôiça qui de perto, lhe arrisista,

O MEU CARRO DE BOI É UM ARTISTA,

A CANTÁ NAIS ISTRADA DO SERTÃO.

Dependendo do zêlo do carrêro,

uis boi tem, um hoté ispiciá.

Quando vorta, toma bãe, vai discansá,

na latada ô numa sombra, no terrêro.

Êsse amado transporte pionêro,

o carrêro guarda no seu coração.

Ais fuguêra, nuis tempo de São João,

é trabáio constante in sua lista,

O MEU CARRO DE BOI É UM ARTISTA,

A CANTÁ NAIS ISTRADA DO SERTÃO.

O carrêro, dirmancha-se in caríin,

puro seu apetrecho de trabáio.

Dá ração, limpa uis pingo do orváio,

qui nem um minino cuida de um carrín.

Vai in casa, tumá seu cafèzíin,

cum quaiáda, ô xerém, ô rubacão.

Leva água, farinha, jabá e pão,

diz um verso, de um grande repentista,

O MEU CARRO DE BOI É UM ARTISTA,

A CANTÁ NAIS ISTRADA DO SERTÃO.

Inda hoje, quem tem, pode dizê,

qui tem uma relíquia do passado.

Nais istrada, qui passa in seu céicado,

Tem um grande pionêro, pode crê.

É brinquêdo, é transporte prá valê,

é lazê, prá famía do patrão.

Êsse carro de boi, querido irmão,

é oiado, inté se perdê de vista,

O MEU CARRO DE BOI É UM ARTISTA,

A CANTÁ NAIS ISTRADA DO SERTÃO.

Meu carrêro, o véio Terto da Maiáda,

a passeio, muntas vêiz me carregô.

Já faiz tempo qui Papai do Céu levô,

prá carriá, lá in riba, in ôtas istrada.

Já véíin, num injeitava parada;

ôta coisa, jamais usô um ferrão.

Uis seus toque, nuis boi, era c’ás mão,

ais istrada, era barro; num era pista,

O MEU CARRO DE BOI É UM ARTISTA,

A CANTÁ NAIS ISTRADA DO SERTÃO.

O Cunvite é prá todos, minha gente.

Seja munto benvindo ao Carirí.

Me orgúio in sê da terra de Poty,

e matuto p’ru adoção, eu sô contente.

Inté mais qui isso, digo: Filirmente,

de Cabacêra, sô fíi, puradoção.

Se Cascudo me deu sua benção,

tombém fui adotado in Boa Vista,

O MEU CARRO DE BOI É UM ARTISTA,

A CANTÁ NAIS ISTRADA DO SERTÃO.

Autor: Roberto Coutinho da Motta

Pseudônimo Literário: Bob Motta.

Da Academia de Trovas do RN.

Da União Brás. de Trovadores-UBT-RN.

Do Inst. Hist. e Geog. do RN.

Da Comissão Norte-Riog. de Folclore.

Da União dos Cordelistas do RN-UNICODERN.

Da Associação dos Poetas Populares do RN-AEPP.

Do Inst. Hist. e Geog. do Cariry-PB

E-mail: bobmottapoeta@yahoo.com.br

Site:WWW.bobmottapoeta.com.br

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Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 22/11/2010
Código do texto: T2630134
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