CARTA A JOSÉ BARBOSA JÚNIOR - Cordel Matuto

CARTA DE UM POETA MATUTO A JOSÉ BARBOSA JÚNIOR –

Literatura de Cordel

Autor: Bob Motta

“Nordestino não é gente. Faça um favor a São Paulo, mate um nordestino afogado”...

(a) Mayara Petruso – Paulista, estudante de “Direito”, pelo Twitter.

N A T A L – R N

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Caro Zé Barbosa Júnior,

venho in verso, lhe abraçá.

Pura defesa qui fêiz,

de nóis, do lado de cá.

Você pede, in seu recado,

mode nóis ficá calado,

cuma quem num tem ação;

num respostá coisa aiguma,

num dizê pôrra ninhuma,

adispôi dessa agressão.

Se tem uma coisa, Seu Zé,

qui eu num gosto, é de bravata.

Mais lhe juro qui num tenho,

o tá “sangue de barata”.

A istudante de derêito,

se ajuntô aos precunceito,

qui adispôi dais inleição;

da pió fóima pussíve,

p’ru mais qui pareça incríve,

invéigonhô a Nação.

Voirmicê qui me adiscuipe,

mais num posso me calá.

A mão de obra nordestina,

fêiz São Paulo alavancá.

Me diga, sem gaiofança:

Se num fôsse a importânça,

do nordestino, meu irmão;

do matuto e sua famía,

Sumpaulo, Ríi e Brazía,

síria o qui hoje são ?

Ela nunca, cum certeza,

leu uis cabra qui tu falô.

Nem Graciliano Ramos,

nem Zé Lins do Rêgo, sô.

Nem Ariano, qui é cumpreto,

João Cabrá de Melo Neto,

nem tombém, Mané Bandêra;

tombém nunca uviu falá,

do seu Zé de Alencá,

lhe juro, sem brincadêra.

E de Raque de Queiróiz,

e Patativa do Assaré ?

Será qui Gonçaives Dias,

foi istudo dessa muié ?

Amostro mais e sem mêdo:

Aluizio e Arthur Azevêdo,

e seu Ferrêra Gulá;

Zé Lôzêro, Zé Montello,

iscrevendo o bem e o belo,

o Maranhão tem prá dá.

Zé Wilque, Luiza Tomé,

Milto Morais, Emiliano Queróiz,

tão lá no seu apanhado,

tombém são de “lá de nóis”.

Chico Anysio, Renato Aragão,

o Tom Cavalcante, então,

e todas nossas cunquista;

e o Tiririca “arrombado”,

deputado mais votado,

eleito puros “polista”.

Imagine, se tu cunhincêsse,

digo isso e num me iludo.

A obra, Baibosa Júnio,

do Mestre Câmara Cascudo.

Um cabra peitudo e forte,

do Rio Grande do Norte,

digo isso, cum o peito a mil;

pode passá in revista,

foi o maió folclorista,

do nosso amado Brasil.

No meu Ríi Grande do Norte,

teve Alberto Maranhão,

tivemo Auta de Souza,

na musga, Elino Julião.

O Ferrêra Itajubá,

um poeta de lascá,

distribuindo emoção;

nóis tivemo, sim sinhô;

munta gente de valô,

paimiando o nosso chão.

Qui dizê de Jorge Amado,

o nosso iscritô eterno ?

E Gregório Matos Guerra,

o populá “Bôca do Inferno” ?

Inartêço na poesia,

a nossa amada Bahia,

sem mais, taivêiz nem porém;

Mayara, tu qui se babe;

muntos duis “polista” sabe,

“o qui é qui a baiana tem”.

E a musga nordestina ?

E a poesia matuta ?

Mayara, é nossa curtura,

o dia a dia, a labuta.

P’ru aprauso do povão,

amostrei, chêi de emoção,

in Pinheiros, meu poema;

meu linguajá nordestino,

mais o Trio Virgulino,

aí n’ O Canto da Ema.

Eu sô fã de João Bandêra,

de Valdonis, sim sinhô.

De Fagner, Duminguinho,

de Santanna, O Cantadô.

De Elba e de Zé Ramáio,

de Amazan, sem atrapáio,

Jorge de Altinho, Riva Jr., irmão;

Gogó de Aço, qui me afaga,

de Luiz Lua Gonzaga,

o nosso Reis do Baião.

Sô fã de Alceu Valença,

da grande Ivete Sangalo,

Marinês, Genival Lacerda,

de Alcimar Monteiro, um abalo.

De seu Biliu de Campina,

qui é musga nordestina,

Trio Virgulino, fulano;

prá essa musga raíz,

bate páima e pede bis,

todo o povo "polistano".

E o meu verso, de todo coração,

eu dedico ao forró de chão batido,

onde o fole se cala, intristicido,

mode aguá a puêra do salão.

E êsse fole, alegria do sertão,

divéição de janêro a janêro,

numa sala apertada, ô num terrêro,

retrocede uma vida in um sigundo,

faiz de ti, o mió lugá do mundo,

meu quirido nordeste brasilêro...

Autor: Roberto Coutinho da Motta

Pseudônimo Literário: Bob Motta

Da Academia de Trovas do RN.

Da União Bras. de Trovadores-UBT-RN.

Do Inst. Hist. e Geog. do RN.

Da Com. Norte-Riog. de Folclore.

Da União dos Cordelistas do RN-

UNICODERN.

Da Associação dos Poetas Populares do RN-

AEPP.

Do Inst. Hist. e Geog. do Cariry-PB

E-mail: bobmottapoeta@yahoo.com.br

Site: WWW.bobmottapoeta.com.br

Busca no Google: Bob Motta Poeta Matuto.

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 07/11/2010
Reeditado em 08/11/2010
Código do texto: T2602509
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