BEBENDO RIMAS

Adoentado eu andei

E disseram ser virose

Um bebum da minha rua

Me receitou uma dose

Quando disse que não bebo

Mandou-me pra zoonose

Lu faz com que me comporte

Mas antes não era assim

Eu bebia e fumava

Em todo baile e festim

Porém hoje bebo água

E Lu não acha ruim

Aquela falsa alegria

Que dava a bebedeira

Perdia toda a graça

Na ressaca borracheira

Ainda com agravante:

Sem níquel na algibeira!

Cinquenta e Um amarela

'Pitú', com erro e tudo

E quanto mais eu bebia

Relaxava no estudo

Mas dela me afastei

Tornei-me quase sisudo

Digo com propriedade

Pois também já fui escravo

Coisa ruim é a bebida

Que traz à saúde agravo

Agora só bebo água

O alcool não alinhavo

Eu também era novinho

Quando tomei um pifão

Foi lá na praia dos índios

Baia da Traição

E quando cheguei em casa

Dei com a cara no chão

Um bebum pôs-se a orar:

"Ah, se chovesse cachaça!

Nem que fosse bem fininha...

A vida teria graça

Eu cavaria um açude

No lugar daquela praça!"

Ao sair da faculdade

Num dia de sexta-feira

Meti a cara na cana

Na madrugada inteira

Dormi no caramanchão...

Meu Deus, que grande besteira!

Ser sóbrio é ter alegria

Viver com satisfação

E equilibradamente

Investir no coração

Ter mais tempo pra família

E ter mais educação

Qualquer birita ele traça

Da mais pura a mais papuda

O fígado não aguenta

Grita pedindo ajuda

Quanto mais o seu pé incha

Mas na marvada ele gruda...

Quando vai amanhecendo

Para controlar a mão

Ele corre e toma uma

Não poupa nenhum tostão

Falta na segunda-feira

Toma mais uma brejeira

Pensando que é o patrão