CORAÇÃO LOTIADO - Cordel Matuto.

CORAÇÃO LOTIADO...

Literatura de Cordel

Autor: Bob Motta

N A T A L – R N

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Meus pôvo, tô resóivendo,

lotiá meu coração.

Prá vocêis tudíin qui iscuta,

meus poema do sertão.

Vai sê todíin retaiádo,

p’ru milímetro quadrado,

mais ninguém pode céicá;

vai sê cumo uma capuêra,

sem divisa e sem purtêra,

nisso, tu pode apostá.

Êle é véio e remendado,

a ninguém, quero inganá.

É sufrido e martratado,

mais inda é capaiz de amá.

Ajunte seu bem querê,

seu surriso, seu sofrê,

amisture cum caríin;

traga no peito, emoção,

e p’ru meu véio coração,

pode pegá o camíin.

Pode chegá de mansíin,

e a troçada, arriá.

Tire uis seus sintimento,

de dento do caçuá.

Prante um pé de amizade,

ôto pé de lealdade,

na sombra, passe o calô;

prá coisa ficá cumpreta,

no coração do poeta,

áime sua tenda de amô.

Prante um pé de concórdia,

um de solidariedade,

um de ajuda p’ruis carente,

ôto de felicidade.

Dais lágrima cristalina,

duis zóio de uma minina,

regue tudo o qui prantô;

diga, inchendo uis purmão,

qui seu níin é o coração,

dêsse véio trovadô.

A prantação custumêra,

tombém pode sê prantada.

Míi, fêjão, batata, arroz,

prá fome sê saciada.

Mais uis animá silvestre,

meu matutíin do nordeste,

lhe peço nuis versos meus;

num uis mate, meu irmãozíin;

prumode qui êsses bichíin,

tombém, tudo é fíi de Deus.

Vortando ao lote in meu peito,

qui a você fô distinado,

cuide dêle derêitíin,

dê conta do seu recado.

Na horta, faça um lerão,

cum afago, gratidão,

prante uma frô de jarmim;

prumode quando eu parti,

e num tivé mais aqui,

tu alembrá sempre de mim.

Quage qui eu m’isquicia,

de te pidí, na verdade.

Cave um pôço ô uma cacimba,

no riacho da sodade.

Nais noite de munto fríi,

tu num vai tê arripí,

num precisa cubertô;

dento do meu universo,

tu s’isquenta cum meus verso,

recheado de calô.

A casa é imaginára,

assim cumo a prantação.

Mais é êsse o meu desêjo,

de áima e de coração.

Isso aqui é uma manêra,

de dizê, sem brincadêra,

qui se eu pudesse, eu fazia;

êsse tá lotiamento,

cum todo êsses incremento,

discrito nessa poesia.

Êsse lotiamento é,

p’ruis meus ôvinte e leitô,

na verdade verdadêra,

uma decraração de amô.

Sô um poeta sem fadiga,

qui abomina a intriga,

já dixe mais de uma vêiz;

na verdade, pode crê,

já dixe e torno a dizê:

Eu amo a todos vocêis!

Minha musa inspiradôra,

num tenha ciúme não.

Éis meu verso, éis meu poema,

minha letra de canção.

Minha amada, ôiça o qui digo:

mais tu, meu camíin, eu sigo,

mais se premêro, eu morrê;

num vá chorá, seja forte;

no dia da minha morte,

é qui eu cumeço a vivê...

Obs.- Todos os dias, 6:30 Hs. da manhã, horário de Brasília, estou declamando meus poemas matutos na 98 Fm-Natal. Quem quiser ouvir, é só acessar www.98fmnatal.com.br

Autor: Roberto Coutinho da Motta

Pseudônimo Literário: Bob Motta

Da Academia de Trovas do RN.

Da União Bras. de Trovadores-UBT-RN.

Do Inst. Hist. e Geog. do RN.

Da Com. Norte-Riograndense de Folclore.

Da União dos Cordelistas do RN-UNICODERN.

Da Associação dos Poetas Populares do RN-AEPP.

Do Inst. Hist. e Geog. do Carriry-PB.

E-mail: bobmottapoeta@yahoo.com.br

Site: WWW.bobmottapoeta.com.br

Busca no Google: Bob Motta Poeta Matuto.

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 31/10/2010
Reeditado em 31/10/2010
Código do texto: T2589333
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