CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ...- Cordel Matuto.
CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ - III...
Tema de Canturia
De Domínio Público
Literatura de Cordel
Autor das Glosas:
Bob Motta
N A T A L – R N
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Eu sô um poeta, criado no mato,
nascido na bêra, do Ríi Potengí.
De Natá, levado; p’ru meu Carirí,
intão sô matuto, de derêito e fato.
Meu verso tem chêro, de praia e de mato,
in prosa e verso, eu vivo a cantá.
Do sertão, da mata, inté o litorá,
eu canto o amô, e sem sutilêza,
agradeço tudo, da mãe naturêza,
CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.
Agradeço a brisa, qui chega suave,
e assanha uis cabelo, da muié bunita,
qui qué se sortá, do laço de fita,
mais, porém, num pode; o laço é um intrave.
O laço, qui nem, uma frô de agave,
lhe prende ais madêxa, num dêxa avuá.
O poeta, abissôrto, nem pisca ao oiá,
pintando na mente, qui nem numa tela,
aquela beleza, dirlumbrante e bela,
CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.
O só, reis duis astro; agradeço gora,
a sua image, chegando briante,
trazendo p’rá todos, de vida, uma fonte,
seu calô e brío, ao rompê da oróra.
Quem num tem mardade, no coração; chora,
quando êle anuncia, o dia raiá.
Cum grande emoção, a s’isborrotá,
na praia ô no campo, vejo sua bola,
seu alaranjado, tocando viola,
CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.
Agradeço o ar, agradeço o fríi,
agradeço o fogo, tombém o calô,
a Papai do Céu, Nosso Criadô,
agradeço a mãe, o pai e o fíi.
No inverno agradeço, ais inchente duis ríi,
no verão, a chuva; mode refrescá.
E na primavera; ais frô prá infeitá,
a vida da gente; e mudando de assunto,
tombém ornamenta uis caixão duis difunto,
CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.
Agradeço o riso, agradeço a dô,
bem cuma a inucença de uma criança,
nais hora difíce, agradeço a isperança,
de um pai de famía, de um trabaiadô.
A diguinidade de um professô,
miuria de vida, qui tá prá chegá.
O amô da musa, mode eu m’inspirá,
o parto da cabra, cum dois, trêis cabrito,
uvêia e burrêgo, cada um mais bunito,
CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.
Agradeço a égua, a pôrda no cio,
o andado baixo, do cavalo báio,
o inxirimento de um papagáio,
a mãe isperando, no ventre, seu fio.
Uis bêjo de amô, qui causa arripio,
a minina môça, sempre a se infeitá.
O caí da tarde, a luz do luá,
ais noite iscura, o céu istrêlado,
o quebrá dais ôindia, qui eu dô meu recado,
CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.
Agradeço todos uis insinamento,
e todos uis mestre, duis quá ricibí.
O quanto chorei, o quanto sufrí,
agradeço uis bom e uis má momento.
Agradeço o meu, arrepindimento,
prumode o isprito, eu purificá.
Agradeço o leito, mode eu discansá,
da luta diára, do meu dia a dia,
e o dom Diviná, da minha poesia,
CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.
Meu Deus, obrigado, eu num tô a êrmo!
Eu tô imparado, puro teu amô.
Nuis braço da paiz, eu juro qui tô,
cum a vida, cuntigo e cumigo mêrmo.
Isso é o qui vale, eu num tô infêrmo,
se quero drumí, abasta eu deitá.
Num tem um fantarma, prá me perturbá,
meu sonhe é tranqüilo; é só alegria,
inté amanhincença, de um nôvo dia,
CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.
No meu coração, num tem usento,
nem quarto ô dispensa, prá guardá rancô.
Quem quizé caríin, respeito e amô,
pode s’achegá, sem cunstrangimento.
Tem isso à vontade; a tôdo momento,
tudo isso, de graça, você vai ganhá.
E nem é preciso, se preocupá;
cumo pagamento, eu só quero, intão,
caríin, aprauso e sua atenção,
CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.
Chegando a hora, de imbora, tu ir,
te peço do fundo do meu coração;
reséive “deztões”, de tua oração,
p’ru poeta matuto, quando fô drumí.
Pois Papai do Céu, há de premití,
ao véio poeta, drumí e acordá.
Mais um amanhincê, Êle vai me dá,
in mais ôto dia, faço lôvação,
lôvando sua obra, sua criação,
CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ...
Autor: Roberto Coutinho da Motta
Pseudônimo Literário: Bob Motta
Da Academia de Trovas do RN.
Da União Bras. de Trovadores-UBT-RN.
Do Inst. Hist. e Geog. do RN.
Da Com. Norte-Riograndense de Folclore.
Da União dos Cordelistas do RN-UNICODERN.
Da Associação dos Poetas Populares do RN-AEPP.
Do Inst. Hist. e Geog. do Cariry-PB
E-mail: bobmottapoeta@yahoo.com.br
Site: WWW.bobmottapoeta.com.br
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