TODO AQUÊLE QUI CHORA DE SODADE/ JÁ CHORÔ DE FELICIDADE, UM DIA...- Mini Literatura de Cordel Matuto

TODO AQUÊLE QUI CHORA DE SODADE/ JÁ CHORÔ DE FELICIDADE, UM DIA...

Mini Literatura de Cordel

Autor: Bob Motta

N A T A L – R N

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Papai dixe qui hôme num chorava,

quando eu era um minino, no passado.

Hoje eu vejo, êle tava inganado,

quando essa lição, me ministrava.

Nem de longe, o pobe maginava,

qui êsse dom do versado, eu pissuía.

Ispaiando, no mundo, a poesia;

vêrto pranto emotivo, de verdade,

TODO AQUÊLE QUI CHORA DE SODADE,

JÁ CHORÔ DE FELICIDADE, UM DIA.

Papai, hôme qui é hôme, tombém chora,

de revorta, de uma ingratidão quaiqué;

de um amigo ô inté mêrmo d’uma muié,

quando a angústia, no peito, lhe devora.

Dais lição qui você me deu, ôtróra,

me rescordo e aprico no dia a dia.

Véio amigo, o qui hoje, eu mais quiria,

era vê você in sonhe ô realidade,

TODO AQUÊLE QUI CHORA DE SODADE,

JÁ CHORÔ DE FELICIDADE, UM DIA.

Dixe o poeta, Adoniran Barbosa,

qui a sodade é um bichíin, qui rói, qui rói.

Quanto mais forte é o hôme, mais corrói,

e o pobe, mais entra in póivorosa.

Digo in verso matuto, nessa grosa,

qui ela véve na minha cumpanhia.

Anoitece, amanhece e a nostogia,

dêxa uis verso in meu peito, à vontade,

TODO AQUÊLE QUI CHORA DE SODADE,

JÁ CHORÔ DE FELICIDADE, UM DIA.

Me dixero, qui mode num tê prurá,

a sodade, no mundo, anda sozinha.

Puras sala, puros quarto ô camarinha,

chega junto c’á lembrança, a martratá.

Num sigundo, já bota prá chorá,

cuma um filme d’um passado de alegria.

Quando a felicidade se izibia,

nuis surriso e na própria liberdade,

TODO AQUÊLE QUI CHORA DE SODADE,

JÁ CHORÔ DE FELICIDADE, UM DIA.

Ela faiz valente se acovardá,

faiz o forte, de vêiz, isfraquicê.

Faiz vaquêro, in preno amanhincê,

na ordenha, seus zóio prantiá.

Faiz poeta, num consigui rimá,

faiz o cego inxéigá a luz do dia,

faiz discreto izibir-se cum ôsadia,

faiz detento irnobá a liberdade,

TODO AQUÊLE QUI CHORA DE SODADE,

JÁ CHORÔ DE FELICIDADE, UM DIA.

Na sodade, quem perde a isperança,

dixe Pinto de Monteiro-PB, o cantadô:

Tá réiado, êsse aí já se lascô,

do passado feliz, só a lembrança.

Tá perdido entre o tempo e a distança,

tôdo amô qui in seu peito, izistia.

Mais, se éis o meu sonhe, minha fía;

trago tu prá minha realidade,

TODO AQUÊLE QUI CHORA DE SODADE,

JÁ CHORÔ DE FELICIDADE, UM DIA...

Bob Motta

NATAL-RN

06.SET.2010

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 06/09/2010
Reeditado em 06/09/2010
Código do texto: T2481448
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