EM DEFESA DA TRAÍRA (PEIXE) - Poema matuto, repudiando o fato de chamarem de "TRAÍRA", ao indivíduo traidor, desleal, infiel, fela da p... etc.
A traíra verdadêra,
Seu minino e sá minina;
Na cunzinha nordestina,
É iguaria de premêra.
Nuis buteco e nais fêra,
É um pêxe disputado.
Me diga, no seu versado:
Se uis pôvo gosta e cunsôme,
Cuma se bota o seu nome,
In tanto cabra safado ?
O “TRAÍRA”, cum requinte,
A todo e quaiqué momento,
É do qui gasta duzento,
P’ru ôto num ganhá vinte.
De tão grande o seu acinte,
Tem sempre, o juízo infêrmo.
Véve maquinando a êrmo,
E quando tá “malinguando”,
Quando êle diz: Tão falando;
Quem falô foi êle mêrmo.
O peste é tão insiguro,
É tão sem fé no seu taco,
De tão medíocre e fraco,
Só véve in riba do muro.
No quilaro ô no iscuro,
É fríi e caiculadô.
Quando vê qui o ganhadô,
Num vai caí do seu lado,
Dá um pinote danado,
P’ru lado do vencedô.
Tenha jura, cabra rim!
Guarda prá tu, teu veneno.
Tu, qui já éis tão piqueno,
Vai virá um mucuíin.
Tu agindo errado assim,
Num vai se dá bem, eu acho.
Tu éis banana no cacho,
Sinceramente, eu te falo:
Qui nem rabo de cavalo,
Só cresce mêrmo prá baixo.
Já tu, pêxe tão gostôso,
No verso, faço uma prece.
Pois, teu nome num merece,
Tá nêsse tróço asquerôso.
Éis alimento gostôso,
Nutritivo e colossá.
Frito, insopado ô no sá,
Nem in sonhe, tu éis murrinha,
Tu éis o tope de linha,
Da cunzinha regioná...
Bob Motta
NATAL-RN
24.AGO.2010