PELEJA ENTRE DOIS CANTADORES!!! (sextilhas)
No desafio abaixo o poeta tentou descrever em versos como se dá uma contenda entre dois cantadores.
Como a peleja foi imaginaria e de autoria de um único poeta transformando-se em dois personagens, enumerei em “(c1) e (c2)” no intuito de ajudar o nobre leitor identificar o cantador um e o cantador dois.
Vem comigo!!!
PELEJA ENTRE CANTADORES!!! (sextilhas)
(c1)
Caro poeta e amigo
Já sei que é bom no repente
Pois cantador que me enfrenta
Deve está bem consciente
Se não tiver competência
Vai sair pela tangente
(c2)
Vejo-lhe na minha frente
E não me causa sobrosso
Tem que está bem preparado
Para aguentar chumbo grosso
Depois que comer-lhe a carne
Vou querer roer-lhe o osso
(c1)
E sem que haja alvoroço
Eu garanto e asseguro
Se já não teve passado
Comigo está sem futuro
Vou deixá-lo no presente
Cabisbaixo e inseguro
(c2)
Com seu passado obscuro
Não irá muito adiante
Hoje cantando comigo
Vai descobrir num instante
Se cantar ruim me apanha
Pra cantar bom está distante
(c1)
Um poeta arrogante
Que chega se pabulando
Já quebra a cara comigo
Pois se estiver pensando
Que vai me bater quem sabe
Talvez que saia apanhando
(c2)
Poeta estou lhe avisando
Que meu golpe é muito forte
Pra que possa escapar dessa
Precisa de muita sorte
Se não está assinando
A própria pena de morte
(c1)
Eu não canto por esporte
Sou um profissional
Se você está pensando
Em dar-me um golpe letal
Podem inverter-se as fazes
E até se dá muito mal
(c2)
Veja se cai na real
E procure o seu lugar
O seu dom é muito pouco
Para querer me enfrentar
Se insistir nessa bobagem
Irá morrer de apanhar
(c1)
Poeta pra me barrar
Deve ser batalhador
Ter a destreza da águia
E a rapidez do condor
Além desses requisitos
Ser um ótimo cantador
(c2)
Reconheço o seu valor
Mas isso não me amedronta
Sua verve é muito pouca
Para me causar afronta
Pois quem pensa que me bate
Apanha pra mais da conta
(c1)
Minha cantiga está pronta
Pra cantar em palco ou praça
Você não canta o bastante
Pra que me cause ameaça
Se não tem capacidade
Desista dessa pirraça
(c2)
Eu vou lhe deixar de graça
Liso sem ter um vintém
Rasgar sua nota zero
Mostrar minha nota cem
Pois é sempre assim que faço
Ao cantar com um “Zé Ninguém”
(c1)
Eu com você me dou bem
Se está sonhando se acorde
Vou lhe mostrar minha tese
Pode ser que até discorde
Cachorro que muito late
Sabe-se que pouco morde
(c2)
Caro colega concorde
Que entre você e eu
Existe uma diferença
Só você não percebeu
Que seu canto fraco e pouco
Passa distante do meu
(c1)
Você não me entendeu
Por mais que eu tente explicar
Se não toca bem nem canta
Será melhor se afastar
Cedendo assim o espaço
Para quem sabe cantar
(c2)
Eu não queria deixar
Seu segredo revelado
Mas você mexeu comigo
Então me vejo obrigado
De dizer pra quem lhe escuta
Que só canta decorado
Carlos Aires 07/07/2010