CORDEL E SABEDORIA
Dos sentimentos, amar
É que deixa abastecido
O céu, a terra e o mar
De um fluido enriquecido
Por extensa harmonia
Por chuvas de alegria
Por gotas de poesia
No Oitavão Rebatido
Eu uso vários pincéis
Pra mexer meu colorido
Pinto o rosto dos cruéis
Com um caldo enegrecido
Verde para a esperança
Branco para uma criança
Vermelho para essa dança
Do Oitavão Rebatido
A abelha faz o mel
E dele tenho bebido
Da flora no meu farnel
É que eu tenho comido
Livro-me do industrial
Embora sendo animal
Sou poeta racional
No Oitavão Rebatido
A máxima que eu expresso
É que a verve tem vertido
Em quem provoca o acesso
Ao Cordel escrito e lido
Ele é a arte do povo
E na net tem renovo
Por isso canto de novo
No Oitavão Rebatido
"Meu amô, vamo simbora"
Diz quem não é instruído,
"Pa vê a lui da orora
Que fai tão bão pro sentido"
Aí vejo que é festança
Em semblante de criança
Quando a alma leve dança
No Oitavão Rebatido
O ser corre em seu agito
E parece decidido
Passar em todos o pito
Coração embravecido
Não repara que a paz
Somente é que satisfaz
A velho, moça e rapaz
No Oitavão Rebatido!