CANTORIA VIRTUAL EM SEXTILHA

Nota: Cantoria virtual empreendida na Comunidade Metamorfose, Cordel & Poesia, do OrKut. Aqui seguem as estrofes de Sander Lee, porém quem se interessar poderá acessar a cantoria na íntegra, na referida comunidade, ou até participar da mesma.

Agora pintei o sete

E esqueci da sextilha

Porque quando fico brabo

Desobedeço a cartilha

Porém vou considerar

Pra não perder a guerrilha!

Marcelo, tome tenência

Cirilo, preste atenção

Porque pra cantar comigo

Precisa ser campeão

O cabra tem que ser bom

Para aguentar meu rojão

A minha ação dileta

É viver para cantar

Mas aqui não encontrei

Páreo no improvisar

Uns só cantam decorado

E outros a tapear

A tampa do tabaqueiro

Viana encontrou agora

Um cantador de lascar

Ele encontrou nesta hora

Ou ele canta direito

Ou sai debaixo da tora

Damião a se gabar

Pensando ser repentista

Vem ameaçar a mim

Que sou o primeiro da lista?

E o pobre do Rafael

Coitado, nem se avista!

Ora que cabra "birrudo"

É o poeta Damião

Porém hoje vou lhe dá

No cantar grande lição

Dar bufete em Rafael

De Elly arrancar a mão

Paraíba é meu lugar

Terra de cabra da peste

Cante logo, Damião,

E se não passar no teste

Dê fim a sua viola

E retorne pro Sudeste

Apanhar de Sander Lee

De vocês é o futuro

Toda essa afoiteza

Sei que é fogo de monturo

Preparem o pé do ouvido

Pois a viola apuro

Perde o rumo, a comunhão,

Se a métrica preterir

É importante estudar

Para o seu verso fluir

Não fique triste, compadre,

Mas comece a refletir

Ajunto essa cabroeira

E boto num molho só

Pra jogar numa coivara

E disso eu não tenho dó

Do cabra que canta ruim

Queimo, pilo e faço pó

O maior cabra que vi

Foi um tal Mané Xudu

Porém de mim apanhou

Ficou feito um cururu

Imagina esses coitados

Sou castanha, eles caju

Vou bater de todo lado

Espantar vate ruim

Não estou pra suportar

Aqui um cantor chinfrim

Porque aprendi com Pinto

Do Monteiro a ser assim

Daqui eu não vou sair

Porque eu sou brasileiro

Sertanejo não desiste

E bate no mundo inteiro

Ouça bem: só o meu nome

É que vem do estrangeiro

Vou preparar a forquilha

Pra fazer meu estilingue

Porque minha mira é boa

No parnaso ou no ringue

Eu sou muito mais cruel

Do que o pior viquingue

Eu fico até comovido

Quando chego pra cantar

A platéia encantada

Não pára de me olhar

As mãos sempre aplaudindo

Meu ato de declamar

Onde canto, ganho louro

Pois sou poeta de fama

Olho gordo que vier

Arranco e jogo na lama

Não temo assombração

Nem invejoso que trama

Coisa que eu não aguento:

Cantador amedrontado

Não ultrapassa fronteira

Canta só no seu Estado

Porque contrata uma claque

Para ficar ao seu lado

Foste um pouco atagante

Ivan, meu caro irmão

Porque 'semear amor'

É distribuir perdão

Amar é a mais sublime

E 'excelsa' posição

Já chamei um querubim

Para melhorar teus versos

Porém nada aconteceu

Continuas nos reversos

Empobrecendo a poética

Cultivando os submersos

Eu morro de alegria

Se dizes que Luciene

Ensinou-me a cantar

Ela é meu amor solene

Minha paixão desmedida

É o meu rio perene!

Damião foi estudar

Na 'escola de poeta'

Porém, por mais que fizesse

Não atingia a meta

Como não dava pro troço

Inventou de ser atleta

Vou vender a minha rês

Vou matar a cabra velha

Vou me desfazer do sítio

E de tudo que assemelha

Vou derrubar o fogão

E vou empenar a grelha

A viola estou vendendo

O que não presta vou dá

Pra conseguir mais dinheiro

Vendi o meu caçuá

Estou comprando a passagem

Pra esquiar no Canadá

Coisa que eu não aguento

É cantador atrevido

Enche o toné de cana

Fala inadvertido

Porém se não consertar

Vai levar no pé do ouvido

Pode até ser muito 'ista'

Mas de luta, entende não

Sou mestre do kung fu

A minha arma é a mão

Comigo é no cangapé

Se brincar, beija o chão!

Damião hoje perdeu

A vontade de viver

Pois brigar com este japa

É pedir para morrer

Se não fossem os duzentos

Quilômetros, tu ia ver!

Sou 'fi' de Mané Xudu

Parente de Lampião

Pelejo com a viola

E carrego um mosquetão

Eu venço de todo jeito

Pra tu não tem salvação

Eu preparei uma tala

Para enfaixar seu braço

Depois que quebrar-lhe as pernas

Tiro o couro do espinhaço

Arranco todos os dentes

E deixo só o bagaço...

Sou um cantador loquaz

Baseado no talento

Você pra cantar comigo

Tem de ter alinhamento

Porém se for diletante

Sugiro um recolhimento

Eu não gosto de desdém

Mas quero lhes avisar

Ficarão um pouco livre

Porque irei viajar

Porém preparem o lombo

Para quando eu voltar

Que danado é isso, irmão?

Onde você se meteu?

Foi na conversa dos cabras

E o troço inverteu

Nasceu a porção mulher

E o macho ali morreu

Na minha opinião

Solânea evoluiu

Mas perguntei a Chefinho

"Essas fotos, você viu"

Tomou um susto e disse

"Ivan!? Ponte que caiu!"

Ivan não poupa a imagem

Pra falatório nem liga

É um humorista nato

Sorrir é sua cantiga

Fazer rir é bem melhor

Do que promover intriga

Não causa decepção

Quem nasceu para sorrir

Colore qualquer lugar

No presente e no porvir

Por isso digo que Ivan

Ao bom humor vem servir