A VALENTIA DE VICENTE!!!

A VALENTIA DE VICENTE!!!

Moço prepare os ouvidos

Pra que possa ouvir-me bem

Por esses sertões perdidos

Existe gente de bem

Felizmente é a maioria!!!

Mas tem a categoria

Que além de vagabundo

Picareta e parasita

Com qualquer coisa se irrita

Acha que é dono do mundo

Lá na vila de Umburana

Tinha um sujeito valente

Bebum tomador de cana

Desse da cabeça quente

Quando ele começava

Tomar pinga não parava

De aprontar confusão

Tomando rum ou cerveja

Fechava até a igreja

E batia no sacristão

Esse sujeito temido

Cujo nome era Vicente

Bagunceiro e atrevido

Brabo igual uma serpente

Carrancudo, cara feia

E logo metia a peia

Sem motivo ou precisão

Em quem lhe fizesse afronta

E até perdeu a conta

Dos que já meteu a mão

Vicente era majestade

Lá na vila que morava

Naquela localidade

Só ele é quem comandava

Quando fazia imbuança

Batia até em criança

Já grandinha ou inocente

Em rapaz novo ou barbado

Até mesmo homem casado

Apanhava de Vicente

Se alguém fazia uma festa

Com o maior contentamento

Terço, novena, seresta

Batizado ou casamento

Ou fosse uma cachimbada

Estando a festa animada

Quando Vicente chegava

Brabo cantando de galo

No auge do seu embalo

Logo a festa terminava

Porém nem tudo são glórias

Nesse mundo de meu Deus

Vicente contou vitória

Mas aqueles dias seus

Estavam sendo contados

E também examinados

Pra depois mostrar a prova

Que cabra muito valente

Brabo assim feito Vicente

Está cavando a própria cova

Lá na vila certo dia

Chegou um homem franzino

Procurando moradia

Mais parecia um menino

Com sua baixa estatura

Porém essa criatura

Homem de bem, excelente

Não gostava de arruaça

E nem tomava cachaça

Assim como o tal Vicente

Comprou logo uma casinha

E foi morar na Umburana

A família pobrezinha

Mas num final de semana

Ele foi fazer a feira

Comprou fubá macaxeira

Batata arroz e feijão

Pagou não deixou fiado

Pediu pra deixar guardado

Ao dono do barracão

Foi dá um passeio na feira

Com a mulher, bem contente

Quando no pé da ladeira

Foi visitar um parente

Dela, que ali morava

Porém não imaginava

Que sua felicidade

Estava chegando ao fim

Pois Vicente o cabra ruim

Estava na localidade

Logo que Vicente viu

O homem daquele tamanho

A ele se dirigiu

E disse: tu és estranho

Aqui pela Umburana!!!

Vamos tomar uma cana

Comigo no barracão??

O rapaz muito educado

Respondeu-lhe obrigado

Eu não tomo cana não

Vicente foi perguntando

E essa, é sua mulher??

Eu dela estou me agradando

Mesmo se ela não quiser

Hoje vai sair comigo

E assim na cara eu lhe digo

Para que saiba quem é

Que manda nesse lugar

Cale-se pra não apanhar

Seu cabra besta, Mané!!

Logo o homem perguntou

Tu vais com ele Maria??

Disse assim: viva eu não vou

Nem mesmo morta eu iria

Sou uma mulher casada

Séria, honesta, respeitada

Fiel ao meu marido

Que me dá felicidade

Também não dei liberdade

A esse tarado e bandido

O homem disse a Vicente

Ouviu bem o que ela disse!!

O tal bandido insolente

Disse ouvi essa tolice!!

Mulher comigo é assim

Goste ou não goste de mim

Na paz ou na força eu ganho

Mesmo sendo de um gigante

De um homem forte possante

Quanto mais do teu tamanho

O homem a essas alturas

Já perdeu a paciência

Com palavras fortes, duras

Tentou tomar providência

Porém Vicente esnobando

Desfazendo, insultando

Na maior provocação

Teve o fim antecipado

Com um punhal encravado

No centro do coração

Vicente logo tombou

Sem conseguir seu intento

O homem assim demonstrou

Tamanho não é documento!!

Prepotência e arrogância

Agir com ignorância

Desfazer do semelhante

Está procurando a morte

Só se tiver muita sorte

Para que siga adiante

Aqui deixei meu recado

Praquele que é valentão

É preciso ter cuidado

Pra não perder a razão

É melhor manter a calma

Com humildade na alma

Ter uma vida decente

Quem é brabo e desleal

Poderá ter um final

Igualzinho ao de Vicente

Carlos Aires 11/05/2010

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 11/05/2010
Código do texto: T2249979
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