ENCONTROS NO ALÉM

Colegas que já se foram

Arrastando nossa saudade

Reviveremos seus sonhos

Levando em verso a verdade

Ocultando nosso choro

Semeando sua vontade

Somos irmãos de arte

Impossivel esquecer

Lembranças que essa vida

Valoriza nossa lida

A expressão do dizer

Vou narrar essa hitória

Que se passou lá no além

Foi um belo e bom encontro

Com cantorias do bem

Era reunião de poeta

Cada um com a frase certa

Com o valor que cada um tem

Comecei Imaginando

Como seria a reunião

Quem iria fazer parte

Daquela bela discussão

Pois o céu "tava"estrelado

Veja que não estou errado

Preste bastante atenção

Um sujeito "tava"sentado

Cum um chapéu de couro fino

Com apracáta de couro

Punhal longo cristalino

Com olhar pouco singelo

Na mão um papo amarelo

Seu nome era Virgulino

Esse Homem fez história

Quando passou no sertão

Cada tiro que ele dava

Um "macaco"ia pro chão

Foi o preço da memoria

Do heroi que não viu gloria

Cabra macho Lampião

Ele ali tão pensativo

Calado não se irrita

Olhos nos olhos da amada

Derrepente ele grita

Eu faria tudo de novo

Quem dera rever meu povo

Com você Maria Bonita

Te aquieta lampião

Nosso tempo já passou

Curisco tá ali pensando

No rumo que a vida tomou

Hoje ao lado de Dadá

"Tamos" do lado de cá

Foi bom enquanto durou

Nesse instante entrou um padre

Chamado Ciço Romão

Milagreiro abençoado

Lá das bandas do sertão

Cumprimentou o casal

Deu um abraço fraternal

Eles lhe beijaram a mão

"Padim Ciço" foi dizendo

Com um pesar no coração

Más com sua vóz suave

Disse para Lampião

Não se apegue ao passado

Esqueça aquele lado

Olhe,chegou outro irmão

Virgulino desconfiado

Más no "Padim" tinha fé

Olhou nos olhos do cabra

Ainda sem saber quem é

Disse:Chegue adiante

E logo nesse instante

Vá dizendo quem tu é

Eu nasci numa cidade

Pequena e bela ela é

No sertão do Ceará

Me criei com garra e fé

Minha poesia Ativa

Eu me chamo patativa

Patativa do Assaré

"Padim Ciço" interveio

Fez uma colocação

Apresentou perguntando:

Voces se conhecem ou não?

Patativa foi dizendo

Mansamente respondendo

Quem não conhece Lampião

Então meu nobre poeta

Nesse lar celestial

Cá estamos esperando

O julgamento final

Eu que fui um cangaceiro

Abalei o sertão inteiro

Más não fui assim tão mal

Maria Bonita então

Falou para Virgulino

Tá chegando outro cabra

É o capitão Silvino

Trazia outro companheiro

"Padim Ciço"falou primeiro

Esse é o mestre Vitalino

Na terra fui artesão

Do barro fiz a cultura

Da lama sêca transformei

Numa bela escultura

Pois a terra tem riqueza

No sertão é mais beleza

Tudo é obra da natura

Sou chama que brota do chão

Fogo que não se apaga

Sou água de rio corrente

Por onde meu verso vaga

Olha só quem tá chegando

Ele já vem ali tocando

É compadre Luiz Gonzaga

Um fole rasgou no ar

Como anunciação

A lua ficou mais clara

Feito luar do sertão

Uma risda gostosa

Ecoou deu vida a prosa

Chegou o velho Gonzagão

O chapéu de couro brilhava

Em meio a escuridão

O jaléco a sanfona

Tava até com o jibão

Ele vinha abraçado

Com outro padre ao seu lado

Querido Frei Damião

Nisso chegou um barbudo

Balançando as madeixas

Olhou o grupo e sentou

Falando sem sentir queixas

Era o velho Raulzito

Já chegou dando o seu Grito

Dizendo:Sou Raul Seixas

É um prazer te-lo conosco

Sente aqui e não se cale

Da sua vida na terra

Se quiser um pouco fale

Pois agora estão chegando

Escutem, já vem cantando

Gonzaguinha e João do Valle

Raul sempre falador

Porém nunca desordeiro

Falou vamos fazer festa

Sacudir o céu inteiro

Tem xaxado tem baião

Abram logo a roda então

Lá vem Jacksom do Pandeiro

Vinha também Carmem Miranda

Logo tudo era festança

Orlando Silva chegava

Parecia uma criança

Altemar Dutra com jeito

Enchia de ar o peito

Resgatando a lembrança

Cazuza e Renato Russo

Entoavam uma canção

Emilinha Borba em Marcha

Lembrava o crnaval então

Ataulfo rimou na brisa

E abraçada a Maysa

Elis cantou fascinação

Antonio Conselheiro então

Com olhares bem sisudos

Olhava prá todo lado

Prestava atenção em tudo

Lembrou porém de repente

O que fizeram com sua gente

Na cidade de Canudos

Más ali não caberia

Espaço para tristeza

Pois a história era viva

Parecia a realeza

Tudo se virou em festa

Ninguém ali se detesta

É a ordem da natureza

Ali agora era paz

Na viagem derradeira

Cada um com sua historia

Ou sua sina traiçoeira

A luta valeu a pena

A lida mesmo pequena

Será lembrada a vida inteira

A roda estava formada

De poeta e cantador

Ali o que menos sabia

Era eximio professor

Xote,xaxado e baião

Polca, valsa e vanerão

Todos sem nenhum rancor

Meus bons amigos eu sei

Isso é história de poeta

Que guarda na sua lembrança

O que a mente desperta

Movido pela saudade

Impulsionado pela vontade

De fazer rima correta

Muitos que já se foram

E merecem nosso respeito

Daqueles que não falei

Creia que não é despeito

Deixaram sua mensagem

Quando fizeram a passagem

Fizeram tudo direito

Tudo passa nessa vida

Menos a recordação

Nem os versos do poeta

Passa pela vida em vão

Pois esse tem alma pura

Enriquecem a cultura

Do nosso belo torrão

Quantos deles cá fizeram

Sua forma de expressão

Liberdade no falar

Com toda dedicação

Quantos poetas passaram

E nessa vida amargaram

Tristeza e ilusão

Vou falar de outros poetas

Que nos deixaram saudade

Ana, Preto Jota, Iran

Com toda boa vontade

Traziam em seu poema

Abordando sempre o tema

Da nossa realidade

Parceiros que a tal midia

Não quis aqui valorizar

A arte desses guerreiros

Sempre iremos relembrar

Com amor e com saudade

Com grito de liberdade

No nosso jeito de versar.

FIM

Livreto publicado em Junho/2006.

Carlos Silva, em mais uma obra da literatura de cordeis homenageia quem tanto nos alegrou com sua arte.

Paulistano, criado nosertão da bahia entre as cidades de Nova Soure e também em Itamira municipio de Aporá.

È cantador,compositor,escritor deliteratura de cordeis e faz parte da COOPERIFA(Coopertiva dos poetas da periferia)participou da coletâneapoetica (RASTILHO DA POLVORA- e do CD DE POESIAS da cooperifa com apoio do itau cultural.

Tem dois cds gravados(ABRA OSOLHOS E RETRATANDO) e já prepara o proximo disco.

CONTATOS (11) 4135-2824 9790-7789 E (75) 3612-1100

carlossilvampb@yahoo.com.br

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Site: www.serradoapora.com.br

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 17/07/2006
Reeditado em 01/03/2008
Código do texto: T195912