QUANDO O DONO DO CÉU ABRE O CHUVEIRO / O SERTÃO TOMA UM BANHO DE REPENTE!
São sapinhos que pulam de alegria
Os insetos competem com as flores
Passarinhos risonhos, bons cantores,
E a cascata moldando a poesia
A bodega fiando a freguesia
A menina comprando absorvente
O velhinho tomando aguardante
Pois o pingo da chuva traz dinheiro
QUANDO O DONO DO CÉU ABRE O CHUVEIRO,
O SERTÃO TOMA UM BANHO DE REPENTE!
Zefa leva pro rio o samburá
Vai pegar as piabas pros meninos
As igrejas sorriem e dobram sinos
Há fartura enchendo o caçuá
Zé tomou uma cana com preá
O jumento é bicho inteligente
Dá a hora de forma consistente
Que orienta o povoado inteiro
QUANDO O DONO DO CÉU ABRE O CHUVEIRO,
O SERTÃO TOMA UM BANHO DE REPENTE!
As florinhas nasceram na estrada
A lagoa da chuva engravidou
Vai brotando tudo o que se plantou
Aumentou-se do coro a passarada
O riacho correu em disparada
Há encontro de silo com semente
O poeta ficou mais eloquente
E a viola casou com o violeiro
QUANDO O DONO DO CÉU ABRE O CHUVEIRO,
O SERTÃO TOMA UM BANHO DE REPENTE!
Nove meses... torrão vai duplicar!
É menino nascendo em demasia
Sensual é a terra que esfria
Com carícias de chuva a hidratar
É o verde da serra a apaziguar
É a fartura do chão emoliente
Não se vê um cristão mais deprimente
Eita povo viril e tão festeiro!
QUANDO O DONO DO CÉU ABRE O CHUVEIRO,
O SERTÃO TOMA UM BANHO DE REPENTE!
Mote: Onildo Barbosa
Glosa: Sander Lee