A SAUDADE QUE SINTO DO SERTÃO, DEIXA TRISTE DE MAIS MINHA ALEGRIA!!!

A SAUDADE QUE SINTO DO SERTÃO,

DEIXA TRISTE DE MAIS MINHA ALEGRIA!!!

(Mote de Manoel Rodrigues )

(Glosas de Carlos Aires)

Quando lembro a fazenda que morava

Do cavalo, da sela e do gibão

Das ovelhas deitadas no oitão

Do curral onde a vaca eu desleitava

Das rações e das palmas que cortava

E de cada uma cabra que paria

As lembranças me causam nostalgia

Mas não posso esquecer do meu torrão

A saudade que sinto do sertão

Deixa triste de mais minha alegria

Da porteira pesada, do barreiro

Do riacho na época de enchente

E da terra rachada, do sol quente

Da fumaça do velho candeeiro

Do cachorro latindo no terreiro

Do café, bom demais que mãe fazia

E da jarra com aquela água fria

Das panelas nas trempes do fogão

A saudade que sinto do sertão

Deixa triste de mais minha alegria

Os bezerros no pátio da fazenda

Tão fogosos correndo pelos campos

Lembro a noite, a vagar os pirilampos

E dois touros em meio uma contenda

A almofada que mãe fazia renda

De papai a lutar no dia a dia

Não esqueço a rede que eu dormia

Lá na sala de velho casarão

A saudade que sinto do sertão

Deixa triste de mais minha alegria

As formigas no grande formigueiro

As abelhas entrando no cortiço

A imagem do “Santo Padim Ciço”

Que não falta na casa de um roceiro

As galinhas saindo do chiqueiro

De manhã era aquela correria

A de pintos, portanto se escondia

Por temer o terrível gavião

A saudade que sinto do sertão

Deixa triste de mais minha alegria

À tardinha o crepúsculo vespertino

Traz o vento gostoso a dar açoite

Que se chama por lá, “boca-da-noite”

Esse mágico momento repentino

Pra quem é sertanejo e nordestino

Essa hora silente propicia

Bem estar que lhe causa euforia

Satisfeito contempla essa visão

A saudade que sinto do sertão

Deixa triste de mais minha alegria

O canário o campina o bem-te-vi

Que cantavam na velha umburana

Jararaca e cobra caninana

Um preá um nambu um jabuti

Ribaçã asa-branca e juriti

Sabiá ao longe se ouvia

A coruja agourenta em noite fria

Ou um peba que está cavando o chão

A saudade que sinto do sertão

Deixa triste de mais minha alegria

Carlos Aires 03/11/2009

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 03/11/2009
Reeditado em 03/11/2009
Código do texto: T1903077
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.