TROCARAM ATÉ AS MULHERES!!! (causo)

TROCARAM ATÉ AS MULHERES!!!

(causo)

Desde os tempos mais remotos

Já existia a permuta

E existem aqueles devotos

Que ainda vivem nessa luta

Tira da troca o sustento

E cumprem esse mandamento

Com tamanha devoção

Nesse ramo faz escudo

Trocando tudo por tudo

Até num risco no chão

Um trocador trambiqueiro

Sabe usar bem suas manhas

Faz troca e ganha dinheiro

Com conversas e barganhas

Com seu jeito sorrateiro

Sagaz, velhaco, estradeiro

Exibe a mercadoria

Logo um freguês lhe aparece

E assim a troca acontece

Na mais perfeita harmonia

Porém nem sempre é assim

Nesse clima divertido

Existe muito pantim

E muito cabra sabido

Que faz com que ninguém note

Mas tá armando seu bote

Com trambique e malandragem

Esperando um abestalhado

Cair no papo furado

E ele só levar vantagem

Um dia um cigano astuto

Tava trocando um cavalo

Num burro mais um matuto

E pra poder enganá-lo

Logo deu uma de artista

O defeito tá na vista

Eu sou sincero e não nego

O matuto confiou

Depois da troca notou

Que o cavalo era cego

Ainda tentou reclamar

Porém não tinha razão

E por não examinar

Desse cavalo a visão

Deu dor de cabeça e febre

Eu troquei gato por lebre

O pobre se maldizia

Por não ter visto o defeito

Já está procurando um jeito

De dá pro cavalo um guia

Tem gente que tudo troca

E com nada se aquieta

Furadeira, trena, broca

Berço, cama, bicicleta

Foice, machado, ancinho

Espingarda, passarinho

Égua, jegue, pangaré

Cabra, cachorro, carneiro

E os bichos do terreiro

Pato, galinha, e guiné

Caro amigo num se assuste

Com o que vou dizer agora

Terminou-se todo ajuste

Portanto chegou a hora

De colocar-se no eixo

E dar a historia um desfecho

Pode opinar se quiseres

Pois o negocio é sacana

Mané Gago e Zé de Joana

Trocaram até as mulheres

Mané Gago era amigado

Com Tonha de Chico Bento

Zé de Joana amancebado

Com Nana de Biu Sargento

Que era muito nervosa

Bagunceira e preguiçosa

E, além disso, faladeira

Enquanto Tonha era calma

Pense numa santa alma

E muito trabalhadeira

Mané mais Chico num bar

Na rua perto da praça

Inventaram de trocar

Depois de muita cachaça

De um para o outro a mulher

Como um objeto qualquer

Com a cara mais sem vergonha

E de uma maneira insana

Mané ficava com Nana

E Chico ficava com Tonha

Nana só tinha defeito

Tonha só tinha virtude

Tinha que arranjar um jeito

Pois quem troca não se ilude

E os dois eram trocadores

Portanto vejam os senhores

Que não podia haver falha

Nessa troca tão profana

Pois Mané além de Nana

Levou à besta e a cangalha

Carlos Aires 03/10/2009

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 03/10/2009
Código do texto: T1845807
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.