A FOFOQUEIRA!!! (causo)
A FOFOQUEIRA!!! (causo)
Maria de Zé Luxico
Que é irmã de Bastianinha
É chegada a um fuxico
A uma intriga, uma rinha
É miserável e malina
Tem a língua tão ferina
Igual a dona Maroca
A ninguém ela dá tréguas
Anda quilômetros ou léguas
A procura de fofoca
Na região que morava
Tinha condutas daninhas
De tanto que fofocava
Sobre a vida das vizinhas
Com reboliço e chamego
Causava desassossego
Arrelia e confusão
Era braba e linguaruda
Traiçoeira igual à Juda
A pura imagem do cão
Falou da fia de Joana
Que não apagava o facho
Andando toda bacana
Rua arriba rua abaixo
Também da fia de Ageu
Casada com Irineu
Irmão de Quinca Pelado
E que Ciço de Marina
Mai Mané de Jarmilina
Tava beijando um viado
Que a fia de seu Vafrido
Que é irmão de dona Vera
Anda traino o marido
E o fio que ela espera
É fruto de uma robada
Que ela deu lá na estrada
Na beirinha do riacho
Que a mulé de João de Bila
Vive com ele tranquila
Mai tá de oio nôto macho
Diz que a fia de Joaquina
Que é neta de dona Rita
E se chama Severina
Uma moça tão bonita
Mas também num vale nada
De home num é chegada
Pois tem uma viração
Cá fia de Dona Benta
As duas calça quarenta
E são mulé sapatão
Diz que o padre Manoel
Que da matriz é vigário
Não cumpre mais seu papel
E sai do itinerário
Na igreja de São Bento
E vai até o convento
Três vezes durante o dia
E lá por trás do campanário
Reza um terço e dois rosário
Junto com madre Luzia
Nem o pastor Sebastião
Pode escapá do seu laço
Terminou sua oração
E cá briba inbaxo do braço
Em veiz de siguí pra casa
Deu uma queda de asa
Saindo da sua raia
E fugindo do seu esquema
Foi pra rua da jurema
Atraiz dum rabo de saia
Ela tava de plantão
E deu fé dessa saída
Ficou prestando atenção
A fofoqueira atrevida
Saiu assim de fininho
Seguindo o mesmo caminho
Onde o pastor caminhava
Pra cunhecê seu intento
E flagrá-lo no momento
Na casa que ele entrava
Eita mulé desgramada
Só vive de leva e traz
Perto da famigerada
Quem pode viver in paz
Tem a língua perigosa
A serpente venenosa
Num tem instinto materno
Inté das fia ela fala
Tá bom de arrumá a mala
E se daná pro inferno
Carlos Aires 30/09/2009