ZÉ BALA...- Cordel Matuto - Homenagem ao saudoso Escritor Paraibano José Cavalcante, ex-Prefeito da cidade de Patos-PB.

ZÉ BALA...

Literatura de Cordel

Autor: Bob Motta

N A T A L – R N

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Êsse cordel, eu dedico,

a um sardôso iscritô,

qui já tá no andá de riba,

cum merecido lovô.

Distribuindo alegria,

contando históra e poesia,

p’rá Deus Pai, Nosso Sinhô.

Falá de Zé Cavaicante,

de emoção, meu peito intála;

a sodade me tortura,

e o chôro me toma a fala.

Cum caríin e cum respeito,

rescordo o grande sujeito,

cunhincido p’ru Zé Bala.

Bernardina Cavaicante,

digo, antes qui me acanhe,

ô qui Seu Zé, lá de riba,

numa mintira, me apanhe;

véia jove, dona Dina,

in ispríto era minina,

assim era a sua mãe.

O seu pai era Né Bala,

hôme forte do sertão,

devoto do seu trabáio,

de Padíin Ciço Rumão;

cum dona Dina a arengá,

dizia, abasta raiá;

num precisa açôitá, não.

Matuto, bicho do mato,

casca grossa do sertão,

sem pêia e sem cabrêsto,

qui nem jegue garanhão;

seu amô, sua alegria,

eu nem sei cumo cabia,

dento do seu coração.

Zé Bala sempre dizia:

Nasci e mamei derêito.

Num foi só na minha mãe;

qui sempre arrumava um jeito;

de num fartá o alimento,

p’rá mim, a quaiqué momento,

sempre tinha um pá de peito.

A terra do seu sertão,

amô derna de criança;

terra qui êsse poeta,

nunca tira da lembrança;

dizendo, sem intrêvêro:

Na sêca é um disispêro,

mais no inverno, é isperança.

Puro seu torrão natá,

lutô incasávemente.

In Patos-PB, Zé Bala foi,

um Prefeito cumpetente.

Brigô, lhe juro; num mangue;

deu chôro, suó e sangue,

in favô de sua gente.

Conjurgava cum emoção,

o apreço de um amigo,

o surriso e o pranto,

o prêmio e o castigo.

Tudo isso, aprendeu cum a terra,

lá na chã de sua serra,

in sigurança ô pirigo.

Seu imbigo, a principá,

raíz dais suas intranha,

foi munto bem interrado,

in terra qui num é istranha.

Na purtêra do currá,

in Pinhêra, é naturá;

in São José de Piranha-PB.

Foi êle, um grande dotô,

lhe digo, meu camarada.

Um dotô incomparáve,

dais coisa da matutada.

Subistituiu o ané,

e o canudo de papé,

puro cabo da inxada.

Trabaiô duro na roça,

p’rá suó, num têve lenço.

Seu prefume era o suó,

de grossêro e rude insenso.

Do seu trabáio qui falo,

tinha ais mão cheia de calo;

era um sacrifiço imenso.

Vendo a dilicadêza,

seu dotô, digo in meu verso,

de uma mão cuiendo um fruito,

mode ajudá no progresso;

dotô, sua profissão,

era, sem bajulação,

dais mió qui ai no universo.

Puro gorpe militá,

quando Seu Zé foi cassado,

seus verdadêros amigo,

ficaro tudo ao seu lado;

sofrendo cum êle, intão,

a dô da decepição,

p’ru tê sido injustiçado.

E ais vêiz, o disispêro,

se ajuntava ao seu disgôsto,

lhe dêxando acabrunhado;

e o sertanejo dispostô;

nêsse momento sintía,

ais lágrima in reberdía,

caindo puro seu rôsto.

A lágrima qui mais queima,

dixe êle, uma ocasião,

p’rá sua fía querida,

sigurando a sua mão;

num é a qui tá caindo;

fica féivendo e firindo,

lá dento do coração.

Arrelembro cum sodade,

aquêle inlustre iscritô,

qui eu tive a felicidade,

de tê cumo professô.

Seu Zé, a própria descença,

fôi-se in paiz cum a cunsciênça,

prestá conta ao Criadô.

Seu Zé, onde tu tivé,

no meu verso, eu te digo:

Na curtura populá,

ais tuas lição, eu sigo.

Professô disinfadado,

eu tenho um orgúio danado,

de tê sido teu amigo.

Amado e sardôso mestre,

nessa mêrma ocasião,

de matuto p’rá matuto,

do tão sufrido sertão;

quem tá dizendo, é eu:

Zé Bala, tu num morreu;

tais vivo in meu coração...

Autor: Roberto Coutinho da Motta

Pseudônimo Literário: Bob Motta

Da Academia de Trovas do RN.

Da União Brás. de Trovadores-UBT-RN.

Do Inst. Hist. e Geog. do RN.

Da Com. Norte-Riog. de Folclore.

Da União dos Cordelistas do RN-UNICODERN.

Da Associação dos Poetas Populares do RN-AEPP.

Do Inst. Hist. e Geog. do Cariry-PB.

E-mail: bobmottapoeta@gmail.com

Site: WWW.bobmottapoeta.com.br

Buscar no Google: Bob Motta Poeta Matuto.

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 20/09/2009
Reeditado em 20/09/2009
Código do texto: T1821151
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