A SAGA DO MENOR ABANDONADO!!! (com áudio)

O MENOR ABANDONADO!!!

Sou um infeliz que vivo

Ao relento ao abandono

Sem carinho nem lenitivo

Igualmente um cão sem dono

Perambulando na rua

Com a pele seminua

Passando fome e com frio

Não tenho cama e nem rede

Durmo num pé de parede

Bebo água suja do rio

Nesse mundo que pra tantos

É um jardim florido e belo

Vivo derramando prantos

No mais terrível flagelo

Sem um teto pra guarida

Assim nessa sobrevida

Sou excluído e sem sorte

Com um passado obscuro

Com um presente inseguro

Temendo a precoce morte

Analisando a mim mesmo

Meu futuro é incerteza

Pois quem vive assim a esmo

Na mais extrema pobreza

Não desfruta do afã

De pensar num amanhã

Com um futuro promissor

Nem conhece essa matéria

Pois descende da miséria

E dos laços do desamor

Pois eu sequer imagino

O que é amor fraternal

Pelo irônico destino

No encontro de um casal

Gerou-se esse infeliz feto

Num despreparo completo

E por casualidade

De formas fúteis banais

Só por instintos carnais

Alheio a paternidade

Meus pais não foram culpados

Por esses meus desenganos

Eram míseros flagelados

Mas como seres humanos

Não continham seus desejos

E entre caricias e beijos

Igual toda humanidade

Mesmo sendo miseráveis

Tinham instintos desejáveis

Pela sexualidade

Em circunstâncias precárias

Minha vida foi gerada

Só mais uma entre várias

Gravidez indesejada

Sem planejamento ou prazo

Simplesmente por acaso

Eu já era um desconforto

Pra uma mãe adolescente

Que pensava plenamente

Em praticar o aborto

Um embrião alojado

Dentro de um ventre fecundo

Que já era rejeitado

Antes de chegar ao mundo

Pra obter seu espaço

Já amargava o fracasso

Esse ente sofredor

Que teve a infelicidade

De ser só fatalidade

E não um fruto do amor

Não é mole viver assim

Nessa cruel vida minha

Sou assaltante mirim

Cheira cola trombadinha

É triste a situação

Mas existe uma razão

Desse meu viver atroz

Ninguém quer ser infeliz

Mas vivemos num país

Que não temos vez nem voz

Se as riquezas da Nação

Fossem bem distribuídas

Resolveria a questão

Das pessoas excluídas

Que enfrentam esse castigo

De viver em desabrigo

Em marquise de calçada

Ou em imundos recantos

Vendo uns milhares com tantos

E outros milhões sem ter nada

É dura a realidade

Para quem vive assim

Peço pra sociedade

Que olhe um pouco por mim

E se puder me ajude

Pra que alcance a virtude

De ser feliz e normal

Caminhando alegremente

Tratado condignamente

Sem que seja um marginal!!!

Carlos Aires 19/09/2009

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 19/09/2009
Reeditado em 20/09/2009
Código do texto: T1819286
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