CADA PÁIMO DE TERRA NO SERTÃO/REPRODUZ UMA LÉGUA DE SODADE...
CADA PÁIMO DE TERRA NO SERTÃO/REPRODUZ UMA LÉGUA DE SODADE...
Literatura de Cordel
Autor: Bob Motta
N A T A L – R N
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Seu dotô, eu nasci na capitá,
lá na bêra do Ríi Potengí,
mais meu pai me levô pru Carirí,
na fazenda, eu ia passiá.
Me incantei cum a beleza do lugá,
me virei num matuto de verdade.
Aprindí qui a tá felicidade,
tava ali, cravada naquele chão,
CADA PÁIMO DE TERRA NO SERTÃO,
REPRODUZ UMA LÉGUA DE SODADE.
Nais varêda, nais bêra de riacho,
a cavalo ô a pé, eu munto andei.
Nais istrada de barro, viajei,
muntas noite, cacei na luz de facho.
Na ladêra da vida, hoje me acho,
já descendo, é a realidade.
Arrelembro a minha mocidade,
cum meu pranto, qui vem do coração,
CADA PÁIMO DE TERRA NO SERTÃO,
REPRODUZ UMA LÉGUA DE SODADE.
O rufá do melê, ainda iscuto,
o triângo e o fole de oito baixo,
ais inchente duis ríi e duis riacho,
ais risada e uis grito duis matuto.
Puras nossas raiz, eu sôfro e luto,
divurgando o sertão lá nais cidade.
A linguage matuta é indentidade,
qui eu carrego in perigrinação,
CADA PÁIMO DE TERRA NO SERTÃO,
REPRODUZ UMA LÉGUA DE SODADE.
Arrelembro uis chiquêro dais uvêia,
a zuada dais cabra de menhã,
a tarrafa cheia de curimatã,
e a tirada do inxame de abêia.
Ais cabôca cum côipo de serêia,
seus vistido de xita, suas vaidade,
seus oiá, chêíin de cumpricidade,
provocando o matuto e seu tezão,
CADA PÁIMO DE TERRA NO SERTÃO,
REPRODUZ UMA LÉGUA DE SODADE.
Acordá bem cêdíin, de madrugada,
iscutando o canto da sariema,
misturado cum um belo de um poema,
do anum branco, fazendo aivorada.
O forró bem tocado, na latada,
o luá cum sua quilaridade.
Uis custume qui vem lá da cidade,
chegô junto cum a televisão,
CADA PÁIMO DE TERRA NO SERTÃO,
REPRODUZ UMA LÉGUA DE SODADE.
Uis chucáio dais vaca no currá,
labarêda do véi fugão à lenha,
uis vaquêro fazendo a ordenha,
uis bizerro, berrando prá apojá.
No terrêro, o galo qué tirá,
de uma franga, a sua virgindade.
Vai o carro, prá fêra, na cidade,
cum a sua cumpreta lotação,
CADA PÁIMO DE TERRA NO SERTÃO,
REPRODUZ UMA LÉGUA DE SODADE.
Fecho uis zóio e vejo inté chegá,
carregado, o véi carro de boi.
Fui feliz no passado qui se foi,
iscutando seu gemê e seu cantá.
Cum quixó, se pegava um preá,
um quitute daquela localidade.
Se fritava e cum farinha à vontade,
misturava prá cumê cum rubacão,
CADA PÁIMO DE TERRA NO SERTÃO,
REPRODUZ UMA LÉGUA DE SODADE.
Cada istrada, varêda e seus buraco,
lhes afirmo, sem medo de errá:
Eu cunheço, tu pode apostá,
cada sombra, ali, foi meu barraco.
Rescordando, eu num siguro o taco,
nêsse tempo, eu tinha na liberdade,
rima rica da tá felicidade,
qui eu sintia, pisando aquêle chão,
CADA PÁIMO DE TERRA NO SERTÃO,
REPRODUZ UMA LÉGUA DE SODADE...
Autor: Roberto Coutinho da Motta
Pseudônimo Literário: Bob Motta
Da Academia de Trovas do RN.
Da União Brás. de Trovadores-UBT-RN.
Do Inst. Hist. e Geog. do RN.
Da Comissão Norte-Riog. de Folclore.
Da União dos Cordelistas do RN-
UNICODERN.
Da Associação dos Poetas Populares do
RN-AEPP.
Do Inst. Hist. e Geog. do Cariry-PB.
E-mail: bobmottapoeta@yahoo.com.br
Site: www.bobmottapoeta.com.br
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