MINHA MÃE E MEUS BRINQUÊDO...- Literatura de Cordel Matuta.

MINHA MÃE

E

MEUS BRINQUÊDO...

Literatura de Cordel

Autor: Bob Motta

N A T A L – R N

2 0 0 9

Na emoção num me apanhe,

minha sinhora e meu sinhô.

Brinquedo e caríin de mãe,

só se parece cum amô.

É prá lá de emocionado,

qui cum meus zói marejado,

eu vô lhe falá agora;

de quando eu era criancinha,

de minha sodosa mãezinha,

e duis brinquêdo de ôtróra.

Quando eu vejo uis brinquedo,

chêi de tequinologia,

uma dirmidida sodade,

invade a minha poesia.

Quando eu era um mininíin,

miúdo, piquininíin,

nuis tempo de antigamente;

apenas uma criança,

cum o peito chêi de isperança,

de pai e mãe; inucente.

Eu era feliz, contente,

o caçula da famía.

Pru meus pais, paparicado,

dia e noite, noite e dia.

Quando meu pai viajava,

trazia, quando vortava,

uma ruma de brinquêdo;

inda na mais tenra idade,

a dona felicidade,

cunhincí, derna de cêdo.

Naquele tempo, brinquêdo,

à pilha, nem se falava.

Uis brinquedo era muvido,

à corda, qui a gente dava.

Pode iscrevê cum certêza:

Eu vivia na riquêza,

mais tinha o coração nobre;

tudo de bom, pissuía,

mais juro qui eu prifiria,

era uis brinquedo de pobre.

Carro de latra de doce,

de virola de pinêu,

pião e Mané Gostôso,

rói-rói, munto brinquei, eu.

De iô-iô, de pêia quente,

meu passado, de repente,

vorta na minha lembrança;

cum uis brinquedo e brincadêra,

qui inraivava ais fofoquêra,

do meu tempo de criança.

Tombém brinquei na burrinca,

de ané, de garrafão,

de tica, pinicaínha,

biliscando ais nossas mão.

Bãe de açude, bãe de ríi,

ô rodando o currupíi,

qui a zuada era um colôsso;

tudo isso me deleitava,

porém o qui eu mais gostava,

era duis meus boi de ôsso.

O currá era de peda,

ô de graveto intrançado.

O gado nóis arrumava,

nais caiçáca, nuis céicado.

Caiçaca de boi erado,

dava uis boi avulumado;

duis garrote mais nôvíin;

chamava inté atenção,

na nossa imaginação,

prá nóis, era uis bizêrríin.

Alegria era o inrrêdo,

do samba do meu vivê.

Quem inventô caríin no mundo,

foi minha mãe, pode crê.

Ainda sinto a ternura,

do dôce mé da doçura,

do bem bom do afago seu;

de sodade, brota o chôro,

do incaiculáve tisôro,

da muié qui pariu eu.

O anjo bom qui Deus me deu,

qui cum meu pai, me deu vida,

me protegia de tudo,

mamãe, amada e querida.

Sonhava cum o qui eu sonhava,

uis meu sonhe realizava,

in tudo ela me amparô;

sobre o tá do bicho mãe,

digo antes qui me acanhe:

Ô raça prá tê amô!

Minha mãe era dôçura,

meu pai era fortalêza;

mamãe, cum sua ternura,

papai, cum sua rudêza.

Já se fôro pru ôto mundo,

mais digo cum amô profundo:

Ninhum duis dois me dêxô;

in isprito, tão cumigo,

me imparando duis pirigo,

qui ronda o véi trovadô...

Autor: Roberto Coutinho da Motta

Pseudônimo Literário: Bob Motta

Da Academia de Trovas do RN.

Da União Brás. De Trovadores-UBT-RN.

Do Inst. Hist. e Geog. do RN.

Da Com. Norte-Riog. de Folclore.

Da União dos Cordelistas do RN-UNICODERN.

Da Associação dos Poetas Populares do RN-AEPP.

Do Inst. Hist. e Geog. do Cariry-PB.

E-mail: bobmottapoeta@yahoo.com.br

Site: www.bobmottapoeta.com.br

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Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 22/04/2009
Reeditado em 22/04/2009
Código do texto: T1553621
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