BALANCE O REMO DA CANOA MEU AMOR...(CARLOS AIRES & ELIZEU DE LIMA)
SEGURA O REMO DA CANOA MEU AMOR...
(Carlos Aires & Elizeu de Lima)
ESSA MODALIDADE DE CORDEL
TEVE ORIGEM NOS
EMBOLADORES DE COCO
TRANSFORMADO EM ESTILO
DE CANTORIA PELO GRANDE POETA
REPENTISTA (IVANILDO VILANOVA)
(REFRÃO)
Balance o remo da canoa meu amor
Segure o remo pra canoa não virar
Segure o remo que o remo é quem manda a proa
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar
( C )
Grande Elizeu! Vamos mudar a toada
Que cantoria animada
Não pode estacionar
Pois quando para, a platéia está cobrando
Todo mundo perguntando
Porque parou de cantar?
Balance o remo da canoa meu amor
Segure o remo pra canoa não virar
Segure o remo que o remo é quem manda a proa
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar
( E )
Meu mestre Carlos, mas que imensa alegria
Remar no mar da poesia,
Com o vento a balançar!
Pegue sua rima pra nós dois sair rimando,
Que eu de cá vou respostando
Os versos que me mandar!
Balance o remo da canoa, meu amor.
Segure o remo pra canoa não virar;
Segure o remo, que o remo é quem manda a proa,
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar!!
( C )
Não tive infância minha vida foi trabalho
Hoje nem pra quebra-galho
Ninguém quer me contratar
Vivo ocupado só em fazer poesia
Pra que a melancolia
Não possa me dominar
Balance o remo da canoa meu amor
Segure o remo pra canoa não virar
Segure o remo que o remo é quem manda a proa
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar
( E )
Mesmo inda moço, já tive desilusão!
Entreguei meu coração
A quem nunca quis me amar!
Hoje ando triste, mas finjo viver feliz
Mesmo sem ter diretriz
E nem aonde ancorar...
Balance o remo da canoa, meu amor.
Segure o remo pra canoa não virar;
Segure o remo, que o remo é quem manda a proa,
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar!!
( C )
Não faço nada do que antes eu fazia
Me entreguei de noite a dia
Somente a meu poetar
Procuro assunto nas coisas da Natureza
Pra dá encanto e beleza
Na arte de improvisar
Balance o remo da canoa meu amor
Segure o remo pra canoa não virar
Segure o remo que o remo é quem manda a proa
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar
( E )
Eu também busco refrigério na poesia,
Só ela é quem alivia
Minha dor e meu pesar!
Nela eu encontro o mais puro lenitivo,
É ela quem mantém vivo
Meu direito de sonhar...
Balance o remo da canoa, meu amor.
Segure o remo pra canoa não virar;
Segure o remo, que o remo é quem manda a proa,
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar!!
( C )
Eu admiro o caboclo sertanejo
Vivendo em seu lugarejo
Alegre sem reclamar
Sem ter inveja de quem vive lá na rua
Seu pensamento flutua
Só contemplando o luar
Balance o remo da canoa meu amor
Segure o remo pra canoa não virar
Segure o remo que o remo é quem manda a proa
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar
( E )
Sou sertanejo, mas hoje estou na cidade,
E sempre choro de saudade
Quando lembro o meu lugar!
Só peço a Deus que abençoe o meu caminho
E me conceda um ranchinho
No sertão pra eu morar...
Balance o remo da canoa, meu amor.
Segure o remo pra canoa não virar;
Segure o remo, que o remo é quem manda a proa,
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar!!
( C )
É que a vida lá na roça é muito bela
Sem reportagem e novela
Que venha contaminar
A inocência do coração do roceiro
Basta o aboio do vaqueiro
Pra que possa se alegrar
Balance o remo da canoa meu amor
Segure o remo pra canoa não virar
Segure o remo que o remo é quem manda a proa
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar
( E )
Pela cidade só vejo roubo e assalto,
Todo o chão é de asfalto
E a flor não pode brotar!
O povo fica mais amargo e egoísta
E a esta vida modernista
Eu nunca vou me adaptar...
Balance o remo da canoa, meu amor.
Segure o remo pra canoa não virar;
Segure o remo, que o remo é quem manda a proa,
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar!!
( C )
Pois lá na roça onde moro, a minha gente
Respira um ar diferente
E ainda pode apreciar
Flores silvestres que perfuma e orna os campos
E a luz dos pirilampos
A noite inteira a vagar
Balance o remo da canoa meu amor
Segure o remo pra canoa não virar
Segure o remo que o remo é quem manda a proa
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar
( E )
Me lembro bem da vida lá no sertão,
Das debulhas de feijão
E das noites de luar...
Como era bom ver minha gente animada,
Rindo e contando piada,
Sem ver o tempo passar...
Balance o remo da canoa, meu amor;
Segure o remo pra canoa não virar,
Segure o remo, que o remo é quem manda a proa,
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar!!
( C )
Ele agradece mil vezes ao Pai Eterno
Quando o ano é bom de inverno
Pro seu roçado lucrar
Tendo saúde fartura e barriga cheia
A mão Divina semeia
Muita paz em cada lar
Balance o remo da canoa meu amor
Segure o remo pra canoa não virar
Segure o remo que o remo é quem manda a proa
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar
( E )
Ai que saudade que me dá quando relembro
Que em todo mês de dezembro
Papai mandava pintar
Nossa casinha, sempre de cor diferente,
Pra um fim de ano decente
Agente comemorar...
Balance o remo da canoa, meu amor,
Segure o remo pra canoa não virar,
Segure o remo, que o remo é quem manda a proa,
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar!!
( C )
A lua bela nasce por detrás da mata
O barulho da cascata
Faz a gente se encantar
Pega a viola solfeja uma melodia
Desmanchando em poesia
O que o coração mandar
Balance o remo da canoa meu amor
Segure o remo pra canoa não virar
Segure o remo que o remo é quem manda a proa
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar
( E )
Quero voltar outra vez pra minha terra,
Pro meu lar no pé da serra
Onde o cancão vem cantar,
E onde se vê as borboletas tão belas
Com suas asas amarelas
Dançando um balé no ar...
Balance o remo da canoa, meu amor,
Segure o remo pra canoa não virar,
Segure o remo, que o remo é quem manda a proa,
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar!!
( C )
As madrugadas tão serenas matutinas
Horas silentes Divinas
Mas é belo o despertar
Ouvindo o canto de sonoros passarinhos
Nos aconchegos dos ninhos
Isso nos faz delirar
Balance o remo da canoa meu amor
Segure o remo pra canoa não virar
Segure o remo que o remo é quem manda a proa
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar
( E )
Depois da noite, vem o sol todo imponente
Como um gigante valente
Que acaba de despertar!
As cachoeiras e os insetos fazem festa
E o coral da floresta
Começa a se apresentar...
Balance o remo da canoa, meu amor,
Segure o remo pra canoa não virar,
Segure o remo, que o remo é quem manda a proa,
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar!!
( C )
Nosso roceiro bebe água de quartinha
Come carne de galinha
Ou de um tatu se caçar
E rapadura feita de cana caiana
Mel de abelha com banana
Que é pra se fortificar
Balance o remo da canoa meu amor
Segure o remo pra canoa não virar
Segure o remo que o remo é quem manda a proa
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar
( E )
Todas as coisas que existem no sertão
Servem de inspiração
Para o poeta cantar!
Seja a fartura ou a fome que o assola,
Nas cordas de sua viola
Tudo ele sabe mostrar...
Balance o remo da canoa, meu amor,
Segure o remo pra canoa não virar;
Segure o remo que o remo é quem manda a proa,
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar!!
( C )
Com humildade tudo se vence na vida
Tem a dádiva merecida
Aquele que procurar
Não há conquista com gritos e cara feia
Quem está na terra alheia
Pisa no cão devagar
Balance o remo da canoa meu amor
Segure o remo pra canoa não virar
Segure o remo que o remo é quem manda a proa
Quem nunca andou de canoa
Não sabe o que é remar
Carlos Aires 02/03/2009