ELIZEU DE LIMA X CARLOS AIRES EM (OITAVAS)
OITAVAS
(CARLOS AIRES X ELIZEU DE LIMA)
( E )
Carlos Aires, menestrel,
O seu verso nos encanta!!
Cada vez que você canta
Tudo fica mais contente!
A natureza se alegra
Com as suas belas rimas,
Verdadeiras obras primas
Que Deus nos dá de presente!!
( C )
Grande Elizeu certamente
Para mim é agradável
Também muito confortável
Aqui com você duplar
Você é grande poeta
De verve fértil e brilhante
Fico feliz cada instante
Que vou com você versar
( E )
Quando o vento beija o mar
As ondas ficam excitadas,
As marés são elevadas
Ao supra-sumo do amor!
E o cupido da natura,
Com sua flecha que não erra,
Atinge o peito da Terra
E dela brota uma flor!!
( C )
É pra mostrar o valor
E a força da natureza
A paisagem a beleza
Que é grandeza de Deus
Que mostra esses encantos
Das eras mais primitivas
Primorosas jóias vivas
Pra todos os filhos Seus
( E )
Sobre os crentes e ateus
A chuva cai graciosa,
Molha a pétala da rosa
E faz grelar a semente!
O solo fica fecundo,
E e o trigo brota do chão
Para produzir o pão
Que mata a fome da gente!
( C )
Nosso Deus onipotente
De uma maneira discreta
Fez sua obra completa
E a ninguém descriminou
Tanto o grande elefante
Quanto à pulga pequenina
São frutos da mão Divina
E das coisas que Ele criou
( E )
Num feto que se formou
E numa folha que cai;
Num filho abraçando o pai
E na força de um tufão;
Nas ondas do oceano
Nas asas de um beija-flor
Em tudo eu vejo o amor
Do Autor da Criação!
( C )
Ao conceder um perdão
Ao fazer uma caridade
Suprir a necessidade
De quem está precisando
Conservar a natureza
Com suas paisagens belas
Tudo que fizer por elas
Deus, do céu está olhando
( E )
Quando o sol vai se apagando
O dia perde o encanto,
E a noite desce o seu manto
Sobre a face do planeta;
Os noturnos batem asas,
As estrelas se acendem,
E os raios da lua pendem
Numa bela silhueta!
( C )
Recolhe-se a borboleta
Se aquieta o passarinho
No aconchego do ninho
Para a noite sossegada
No raiar de um novo dia
O sol estende o seu manto
O orvalho parece pranto
Dos olhos da madrugada
( E )
A mata acorda banhada
Pelas gotas do orvalho,
Sabiá canta num galho
Sua canção mais sutil;
As flores se desabrocham,
Ganhando um beijo do sol,
E o céu estende o lençol
Tingido de azul anil
( C )
É com esse lindo perfil
Que o dia começa belo
Colorido de amarelo
Devido os raios solares
Os passarinhos saúdam
Com seus cantos graciosos
Sonoro e melodiosos
Sobrevoando os pomares
( E )
Os homens deixam seus lares
E voltam para a labuta
E nas fábricas se escuta
O apito das chaminés!!
Os carros ganham as ruas
E o dia fica agitado,
O tempo passa apressado,
Trocando as mãos pelos pés!
( C)
O sol espalha painéis
E facho de luz nos rochedos
Quebrando velhos segredos
Que a noite estava a ocultar
As aves noturnas voltam
Pras cavernas onde residem
E os morcegos também idem
Pras tocas se agasalhar
( E )
Nas profundezas do mar
A vida também prossegue
Num tubarão que persegue
O cheiro forte de sangue!
Os golfinhos tão velozes
Vão nadando entre as baleias
E as águas das marés cheias
Vão se encontrar com o mangue!
( C )
O malfeitor forma gangue
Para praticar assalto
Na favela ou no asfalto
Faz a maior confusão
Ceifando vidas humanas
Vítimas de balas perdidas
Ao longo das avenidas
Corpos caídos no chão
( E )
Sinto falta do sertão,
Do pequenino mucambo
Debaixo dum pé de jambo,
Onde eu dormia tranquilo!
Sem conhecer violência
Eu me deitava na rede,
Ouvindo, atrás da parede,
O cricrilado de um grilo!
( C )
Bem seguro em seu estilo
O vaqueiro tocando o gado
Dá um aboio caprichado
Que ecoa no tabuleiro
Com a melodia tão bela
Descrita em sua canção
Já flechou o coração
Da filha do fazendeiro
( E )
Correndo o sertão inteiro
Vai o vaqueiro valente
Sem reclamar do sol quente
E nem da seca malvada!
Faz do gado a sua sina
Entre os galhos da favela
Montado em cima da sela
Seguindo a sua jornada!
( C )
Quando a terra está molhada
Que tem fartura de pasto
Vai seguindo pelo rasto
A rês que tinha fugido
E lá por traz da quixabeira
Ele ajeita com carinho
Pra mamar, um bezerrinho
Que a vaca havia parido
( E )
Sempre fico comovido
Quando falo do sertão
Do vaqueiro, do alazão,
Do gado solto no pasto...
Tudo isso me fascina,
Me encanta e me atrai!
Se Milton Fontes é meu pai
O sertão é meu padrasto!
( C )
E todo esse campo vasto
Que a seca tanto maltrata
Torna nossa vida ingrata
Viajado pra distante
Buscando o vital sustento
Pra família alimentar
Vivendo a se lamentar
Por se tornar retirante
( E )
Com o sol tão cruciante
A queimar flor, folha e fruto,
Meu coração fica bruto
E com o chão se endurece!
Mas como Deus é bondoso,
A chuva em breve virá,
Minh’alma então cantará
Um hino em forma de prece!
Carlos Aires 23/02/2009