MINHAS ORIGENS ( OITAVAS )

MINHAS ORIGENS

(Carlos Aires)

Seu moço eu sou oriundo

Das entranhas do Agreste

Nesses rincões do Nordeste

Escute o que vou falar

Minha luz é um candeeiro

Meu relógio são os galos

Meus documentos os calos

Que tem nas mãos pra mostrar

O café que vou tomar

É puro e torrado em casa

No fogão de lenha e brasa

Bem pilado no pilão

Meu açúcar é rapadura

A carne é caça do mato

Ainda é de barro o prato

E o meu talher é a mão

Pra lavar roupa o sabão

É a raspa de juazeiro

Pra varrer casa e terreiro

Usam vassoura de talos

Ouve-se o piar de pássaros

Sonorizando gorjeios

Liberam nossos anseios

Que o coração dá abalos

São João tem os embalos

De um forró pé-de-serra

E o povo da minha terra

Fica contente demais

Se o ano for de fartura

Vai ter pamonha e canjica

E a Deus ele glorifica

Com preces e rituais

As coisas mais colossais

Que diferem da cidade

É do ar puro a qualidade

Pra sua respiração

E a inocência nata

Que faz as vidas mais belas

Longe das ondas e telas

De radio e televisão

Quando o sol com seu clarão

Cobre a terra de dourado

Deixa o chão amarelado

Com o esplendor de sua luz

O matuto se levanta

De mãos postas faz a prece

Olha pro céu e agradece

Ao grande Mestre Jesus

Tudo isso nos induz

A preservar as raízes

Porque lá somos felizes

E ninguém esta indeciso

Que esse lugar tão pacato

Onde a beleza se encerra

Mesmo sendo aqui na terra

Faz parte do paraíso

Em cada rosto um sorriso

De fé e de esperança

Desde a pequena criança

Ao mais antigo idoso

Aqui vivem satisfeitos

Ouvindo o som da cascata

E olhando a lua de prata

Num cenário majestoso

Nesse lugar tão formoso

Nasci cresci e me criei

E até o fim viverei

Na maior felicidade

Bebendo água de pote

Com mel queijo e rapadura

Na vida simples, mas pura

Sem me lembrar da cidade

Carlos Aires, 16/02/2009

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 16/02/2009
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