DÉCIMAS DE "PATATIVA" (CARLOS AIRES X ELIZEU DE LIMA)
(CARLOS AIRES X ELIZEU DE LIMA)
Em "Décimas de Patativa"
( C )
Grande poeta Elizeu
Vamos trocar o estilo?
Para que você e eu
Possamos versar tranqüilo!!
Esse assunto nos cativa
São décimas de “Patativa”
Que vamos cantar agora
Desenvolvendo a cultura
E explorando a fartura
Que de nossa mente aflora
( E )
O meu peito se acalora
Diante do seu pedido!
O meu olhar quase chora
Pois fiquei bem comovido!
Esse estilo me anima
E me bota para cima,
Me enchendo de emoção!
Vamos lembrar Patativa
Cuja poesia inda é viva
Na cultura do sertão!
( C )
Foi poeta tão famoso
Que o Brasil conheceu
No lugar maravilhoso
Assaré onde nasceu
Lá na Serra de Santana
É meu ídolo isso é bacana
Para quem deixo louvores
Foi uma estrela brilhante
Reluzente e importante
No mundo dos cantadores
( E )
Discutia com os doutores
Sobre qualquer argumento!
Falava bem dos valores,
Mas também do sofrimento
Do matuto do sertão,
Que morria de aflição
Sem água e sem alimento!
Cantou a Triste Partida
De uma família sofrida
Indo em busca de sustento!
( C )
Foi um nordestino atento
Defendendo seu Sertão
Tirava do pensamento
E do fundo do coração
Os seus turbilhões de rimas
Verdadeiras obras primas
“Cante lá que eu canto cá”
Teve “A morte de Nanã”
Sou ouvinte e eterno fã
De“Vaca estrela e boi fubá”
( E )
Não negou “seu naturá”
Nem abandonou seu povo!
E se pudesse "vortá",
Faria tudo de novo!
Entrou para o rol da fama,
Mas pro matuto que ama
O lugar onde é nascido,
O sucesso não lhe afeta!
Morreu pobre, mas poeta!
Era esse o seu sentido!!
( C )
Foi “matuto” bem vivido
Homem de muita “sabença”
Por todos muito querido
E em Deus tinha muita crença
Sendo uma celebridade
Tratava com humildade
Do “Dotô” ao “Roceiro”
Com sua rima seleta
Tornou-se um grande poeta
Deste solo brasileiro
( E )
Famoso no mundo inteiro,
Ganhou sucesso e renome!
Sempre falando da seca
E do mal que é a fome!
Teve muito pouco estudo,
Mas sabia quase tudo
Das coisas desse mundão!
Cego ao poucos foi ficando,
Mas continuou cantando,
Pois via com o coração!
( C )
Esse nobre cidadão
Com rica biografia
Um século, com emoção
Em março completaria
Mas já se foram seis anos
Que a morte cortou seus planos
E o tirou do nosso caminho
Aqui cumpriu sua meta
Deus precisou de um poeta
Levou nosso “Passarinho”
( E )
Do céu, canta com carinho
E um novo verso improvisa,
O seu canto sai mansinho
E desce em forma de brisa;
Balança o ramo do ingá,
Sopra as folhas do juá
E voa sobre o roçado;
Corre, varrendo o terreiro
E vai junto com o vaqueiro
Feliz, aboiando o gado!!
( C )
E assim emocionados
Falamos de “Patativa”
Vamos citar outros bardos
Pra que o povo reviva
Outras “feras” certamente
Que na arte do repente
Foram gênios colossais
E grandes mestres nas rimas
Igual Otacílio e Dimas
Louro e Antonio Morais
( E )
São duplas sensacionais
De uma arte grandiosa!
Valdir Teles é demais
Com Severino Feitosa!
Os dois Nonatos são novos
Mas já encantam os povos
Com sua rima de primeira!
Geraldo Amâncio tem tino
Como Moacir Laurentino
E mais Daudeth Bandeira!
( C )
Ugulino do Teixeira
E Nicandro seu irmão
Marinho nessa fileira
Foi a “Águia do Sertão”
Rogaciano se expande
Pinto Velho foi tão grande
Que abalou o Pajeú
Jó Patriota de Lima
Que se igualava na rima
Com velho Manoel Xudu
( E )
Tem Edvaldo Zuzu
Com suas poesias belas!
E o Louro do Pajeú
Cantou sem deixar sequelas!
Panelas deu Oliveira
E já Galdino Bandeira
Foi fruto da Paraíba
Que é celeiro do repente
Nos deu também Zé Vicente
E o grande João Furiba!
( C )
Sem contenda e nem ingriba
Esses vates colossais
Desde o alto Parnaíba
Do sertão até no cais
Cantam bonito e dão prova
Assim como Vilanova
Que de orgulho nos reveste
Nascido em Caruaru
E a tríade do Pajeú
Que engrandeceu o Nordeste
( E )
E lá do coral celeste
Cantam Patativa e Pinto
Num estilo bem agreste,
Que não ouço, mas eu sinto,
Assim como sinto o vento
Batendo a todo o momento,
De leve, na minha cara!
Peço a Deus que, por bondade
Me dê ao menos metade
Dessa aptidão tão rara!!
( C )
Deus jamais nos desampara
É nosso grande protetor
Que pra todos nós repara
Com carinho e com amor
Então Elizeu! Te aquieta
Tu já és grande poeta
Com o dom que Ele te deu
Olhando o céu, faz uma prece
Dar-Lhes graças e agradece
Assim como faço eu
( E )
Sem querer ser fariseu,
Lhe digo muito obrigado!
Seu verso me comoveu,
Me deixou lisonjeado!
Mas, poeta nunca fui!
O meu estro se obstrui
Perto do seu poetar!
És cantador de renome,
Seu talento nunca some,
Está sempre a germinar!
( C )
Nós vamos continuar
Falando de geografia
Pra respirar outro ar
Nessa nossa cantoria
Vamos citar cachoeiras
Vales, montes, cordilheiras
Riachos, várzeas, canais
Rios, açudes, barragens
Chapadas e paisagens
Que vai ficar bom demais
( E )
As águas torrenciais
De Paulo Afonso são ricas
Levando pras capitais
E pras cidades nanicas
O poder da energia
Que alavanca a economia
Que na Bahia se investe!
Sobradinho se inspira
E do Velho Chico tira
Energia pro nordeste!
( C )
Nossa região Agreste
Composta por belas Serras
Que de verde se reveste
E embelezam nossas terras
Para citar um exemplo
A Serra Negra eu contemplo
Sem duvidas, nem indeciso
E tenho quase certeza
Que se iguala na beleza
Com a porta do paraíso
( E )
Este chão aonde piso
Esconde muitos mistérios!
Outra riqueza que friso
São os profusos minérios;
A fabricação do gesso
Tem valorizado o preço
Das terras do Araripe.
De Ouro Branco é chamado
E vem abrindo o mercado
Pra que o sertão participe!
Carlos Aires 05/02/2009