MINHA CASA DE TAIPA...-
MINHA CASA DE TAIPA...
Literatura de Cordel
Autor: Bob Motta
N A T A L – R N
2 0 0 9
Taipa é o barro amassado,
purentre ais vara intranhado,
nais parêde do sertão.
É uma obra de pobre,
na quá o sertanejo nobre,
faiz a sua cunstrução.
O piso é o chão batido,
qui o sertanejo sufrido,
máia inté induricê.
Alevanta sua casinha,
cum a sala, o quarto e a cunzinha,
adonde êle vai vivê.
Cunstruí na minha mente,
e amostro prá minha gente,
na minha imaginação;
uma bem piquinininha,
prá você, minha rainha,
morá mais eu, no sertão.
Ela fica lá no arto,
a meia légua do asfarto,
a uns cem metro de um barrêro;
adonde tem, faça fé,
felicidade agrané,
de janêro a janêro.
No aipende, um pá de aimadô,
adonde tu, meu amô,
prá nóis dois, áima uma rêde.
A cangáia do jumento,
cum uis demais arriamento,
lá num canto de parêde.
Na sala; sofá, cadêra,
a ispingarda suvaquêra,
e o rádio sempre ligado;
o Coração de Jesus,
derramando a sua luz,
no meu solo abençoado.
Um retrato de São Jorge,
bem pertíin do meu aiforge,
Nossa Sinhora a me oiá;
in duais báia, no terrêro,
tem dois cavalo baxêro,
mode nóis dois passiá.
Uma fulo de jarmim,
tirada lá do jardim,
pru você, tão bem cuidado;
uma lâmpada “Aladin”,
tudo bem arrumadíin,
cum seu toque registrado.
Da jinela, no roçado,
nóis vê míi, fêjão fulorado,
verdadêro paraíso;
você, bunita e chêrosa,
fazendo inveja ais rosa,
faiz eu abri meu surriso.
Na cunzinha, dois fugão;
um a lenha, ôto a caivão,
faiz nossa cumiduria;
lôiça de barro amassado,
munto bem feito e queimado,
de importante séivintía.
A mesa e uis tamburête,
uma faca e um trinchête,
prá bebê; água firtrada;
qui vem de um tanque distante,
qui a todo e quaiqué instante,
tá fria, quage gelada.
Uma panela de quaiáda,
noite e dia perparada,
prumode dá seu recado;
num é cumida de luxo,
mais dá mode inche o bucho,
de quaiqué necessitado.
O quintá num é diserto.
Tem o banhêro cuberto,
cum fôia de bananêra.
Tem guiné, pato, peru,
tem um pé de mulungú,
e tem galinha poedêra.
Um forno de aivenaria,
tem um tanque, uma bacia,
tem tombém uma latada;
uma cisterna bem feita,
mode fazê a cuiêta,
nuis tempo bom, de invernada.
Vêiz purôta, minha fia,
nóis faiz uma canturia,
cum dois baita cantadô;
êles canta na latada,
e eu decramo, minha amada,
prá você, versos de amô.
Pru tanto amá meu passado,
cum ela, eu sonho acordado,
e digo p’ruis meu leitô;
qui essa casinha, in verdade,
se torna realidade,
no sonho do trovadô...
Autor: Roberto Coutinho da Motta
Pseudônimo Literário: Bob Motta
Da Academia de Trovas do RN.
Da União Bras. De Trovadores-UBT-RN.
Do Inst. Hist. e Geog. do RN.
Da Com. Norte-Riog. de Folclore.
Da União dos Cordelistas do RN-UNICODERN.
Da Associação dos Poetas Populares do RN-AEPP.
Do Inst. Hist. e Geog. Do Cariry-PB.
E-mail:bobmottapoeta@yahoo.com.br
Sites:WWW.bobmottapoeta.com.br
WWW.recantodasletras.com.br/autores/bobmottapoeta
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