BRASIL QUINHENTOS ANOS...
BRASIL QUINHENTOS ANOS
Literatura de Cordel
Autor: Bob Motta
N A T A L – R N
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Dom Manué, o Venturoso,
intonce, Rêis de Portugá,
organizô uma isquadra,
cum a meta principá,
de p’ráis Índia, cunsiguí,
um camíin, discubrí,
cum Pêdo Áives Cabrá.
No dia nove de malço,
do ano de mil e quinhento,
Cabrá saiu de Lisboa,
mais, cum a farta de vento,
divido a uma caimaria,
foi bate lá na Bahia,
cum a isquadra e armamento.
Foi a vinte e dois de abril,
qui tal fato se passô.
À tarde, o Monte Pasquá,
o seu Cabrá avistô.
Mais só no dia seguinte,
Niculau, cum quinze ô vinte,
in Cabrália, disimbaicô.
Mais ai quem diga tombém,
qui tava tudo tramado.
Qui divido ao Tordezía,
assim chamaro o Tratado;
pru causo do documento,
num hôve discubrimento,
tudo tava programado.
E no dia vinte e seis,
numa cascata de luz,
Frei Hanrique de Coimbra,
tumô café cum cuscuz.
Cansado, mais sem priguiça,
rezô a premêra missa,
na Terra de Santa Cruz.
A Terra de Santa Cruz,
mudô de nome uma vêiz,
prá Ilha de Vera Cruz,
e adispôi, pasme vocêis;
o mundo intêro surriu,
passando a chama Brasil,
in mil quinhentos e trêis.
Dia premêro de maio,
prepararo a viagem,
dispôi da sigunda missa,
mais, pru gosto ô fulêrage;
dois marujo incantado,
c’áis índia e dois condenado,
já ficaro na sacanage.
Cumo aí se pode vê,
o discubrimento abriu,
portas prá libertinage,
uis portuguêis assistiu.
Cabrá trôve uis fundadô,
uis premêro freqüentadô,
duis cabaré do Brasil.
Daí prá cá, seu minino,
entre ais farra e ais orgia,
progridiu a sacanage,
no mato, aicôvas e via.
Derna do discubrimento,
a putada in crescimento,
vem inté uis nossos dia.
Atinge a tôda camada,
da nossa sociedade.
Na arta crasse, média e baixa,
reina a prumiscuidade.
Entre harmunia e briga,
côrno, fresco e rapariga,
na maió felicidade.
Porém, a pió herança,
qui nuis dexô seu Cabrá,
foi a ôta sacanage,
maió qui a sexuá.
Tão grande qui num se mede,
e qui tem a sua séde,
lá no Pranarto Centrá.
E pru falá in centrá,
tem um Banco cum êsse nome.
Socorre uis banco falido,
nossas reséiva cunsome.
Promove, achando normá,
o turirmo oficia,
e o povo; passando fome.
O mínimo da Nação,
tá mínimo, inté dimais.
Do qui Getúlio dexô,
tá umas quato vêiz atráis.
Fernando paga mode vê,
o pobre subrivivê,
cento e trinta e seis reais.
Inquanto isso, tem Ministro,
qui véve a fazê véigonha,
nuis jatinho oficiá,
cum uis quá o pobre nem sonha.
Nêles véve a passiá,
se cansa, vai discansá,
in Fernando de Noronha.
Inté nossa seleção,
nossa úrtima isperança,
num deu conta do recado,
tremendo qui nem criança.
E in vêiz de jogá bola,
cagô foi na rabichola;
amarelô contra a França.
Mais nóis é um povo forte,
provemo no dia a dia.
Entre a vida e a morte,
mêrmo cum essa economia;
nóis ainda tem, irmão,
tempo, crima e inspiração,
prumode iscrevê poesia.
E apesá dêsses pesare,
nêsse priciso sigundo,
digo cum orgúio e amô,
e cum respeito profundo,
a prenos purmão, a mil,
éis, meu amado Brasil,
o mió país do mundo.
Lhe amostrei, pois, fieimente,
o qui há munto já se viu.
O país izuberante,
qui seu Cabrá discubriu.
Nêsse momento priciso,
saúdo nosso paraíso,
QUINHENTOS ANO BRASIL
Natal,RN, 22 de abril de 2000
Autor: Roberto Coutinho da Motta
Pseudônimo Literário: Bob Motta
Da Academia de Trovas do RN.
Da União Brasileira de Trovadores-UBT-RN.