RESPOSTA DE UM NORDESTINO AO MINISTRO GRAZIANO...
RESPOSTA DE UM NORDESTINO
AO MINISTRO GRAZIANO
Literatura de Cordel
Autor: Bob Motta
N A T A L – R N
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Sinhô Prisidente Lula,
lhe agridí, eu num isperô.
Mais, bate páima, de pé,
é o qui reaimente eu quero.
No meu cordé lhe abraçando,
eu tô me cungratulando,
cum o programa FOME ZERO.
Mais, porém, seu Prisidente,
nosso Nordeste in seu prano,
intristeceu totaimente,
divido a um terríve ingano.
Do litorá p’ro sertão,
cum a infiliz decraração,
do Ministro Graziano.
Sigundo êle, o FOME ZERO,
é prá sê logo imprantado.
Nordestino no Sudeste,
o tá caos tá instalado.
Prá in sigurança ficá,
vai te qui se adotá,
andá de carro brindado.
Na certa êle quis dizê,
cum sua decraração,
qui violênça e cunsequênça,
da nossa situação.
Traduzi naquele instante,
qui nóis é tudo assartante,
ô intonce é tudíin ladrão.
Ninguém mais qui o sinhô sabe,
meu Inlustre Prisidente,
dais nossa nicissidade,
de cumo nóis é carente.
Sem mais, taivêiz nem porém,
cunhece cumo ninguém,
a índole da nossa gente.
O seu Ministro pensando,
qui nóis é burro, acredito,
só prumode amenizá,
um indesejáve cunfrito;
vêi decrará, pode crê,
qui num quiria dizê,
aquilo qui tinha dito.
Ministro, o hôme do campo,
no Nordeste, prá vivê,
se acorda prá trabaiá,
munto antes do só nascê.
A sua mão calejada,
só láiga o cabo da inxada,
dispôi dêle s’iscondê.
Come xique xique assado,
fruita de páima e cardêro,
preá, tijuaçú, tacacá,
bebe água de barrêro.
Quando armoça, é, no gerá,
fêjão macássa, água e sá,
sem mais nada de tempêro.
Êle, qui má se alimenta,
no seu triste padicê,
num véve a vida, vegeta;
seu dia a dia é sofrê.
Só sabe o qui é sufrimento!
Trabaiá qui nem jumento,
sem um instante de lazê.
Só veste uma rôpa boa,
se é usada; do patrão.
Rôpa nova ? Nem se fala!
Tem essa sastisfação,
lhe afirmo, seu Graziano:
Nais quato festa do ano,
ô in tempo de inleição.
Na defesa dêsse hôme,
Ministro, eu vô munto além.
Divido à dirnutrição;
se nem sustança êle tem;
me dê uma ixpricação:
Cuma é qui êsse cristão,
pode assartá argúem ?
De assarto a banco e seqüestro,
para o seu cunhincimento,
de bandido do sudeste,
o índice é oitenta pru cento.
Nêsse céu de azul anil,
do restante do Brasil,
o índice é vinte pru cento.
Causo quêra cumprová,
no seu Pranarto Centrá,
precisamente in Brazía,
tão aí na Capitã.
Uis dado é recente e vivo,
deve constá duis arquivo,
da Puliça Federá.
Vô fazê ôta pregunta;
resposte a si mêrmo, intão.
Se num fôsse a mão de obra,
nordestina, do sertão,
do matuto e sua famía;
SumPalo, Ríi e Brazía,
síria o qui hoje são ?
O poeta populá,
lhe diz sem ninhum muxôxo:
De tanto sofrê na vida,
me calejei, num sô frôxo.
Sua idéia é discabida,
e inté munto paricida,
cum um tá “AQUILO RÔXO”.
Peço qui o sinhô rifrita,
puro menos um instante.
Num fale antes de pensá,
de supetão ô rompante;
prá na bola num pisá,
cuma um bom auxiliá,
de um antigo ritirante.
B estêra a gente cumete,
O u se fala sem pensá,
B astando só o cabra tá,
M êi disprivinida, a mente.
O meu amado Nordeste,
T em fíi de munto valô,
T em um juntíin do sinhô,
A o seu lado, é o PRISIDENTE.
Natal, 19 de março de 2003
Autor: Roberto Coutinho da Motta
Pseudônimo Literário: Bob Motta
Da Acad.Trovas do RN
Da Um. Bras. De Trov.-UBT-RN
Do Inst. Hist.e Geog. Do RN.
Site: www.bobmottapoeta.com.br
E-mail: bobmottapoeta@yahoo.com.br