A PELEJA DAIS GALINHA - DE GRANJA X CAIPIRA...

A PELEJA DAIS GALINHA

DE GRANJA X CAIPIRA

LITERATURA DE CORDEL

Roberto Coutinho da Motta

( Bob Motta )

N A T A L – R N

2 0 0 6

Foi no Bom Dia Brasil,

qui incrontei inspiração,

na matéria apresentada,

a toda nossa Nação.

De norte a sul, leste a oeste,

do litoral ao sertão.

Falava sobre o manejo,

que o homem do campo manja.

Tira da dificurdade,

a solução e se arranja.

Pru mode criá galinha,

seja caipira ô de granja.

Na minha imaginação,

eu enxergo claramente,

uma ferrenha discussão,

que agitou o ambiente.

E vou contar prá vocêis,

uma peleja deferente.

Direcionei a mente,

apontei a sua mira,

prá dento do galinhêro,

onde brigava na ira,

uma galinha de granja,

com uma galinha caipira.

De granja: Tu é uma galinha otária,

véve numa eterna luta.

Mode arrumá o qui cumê,

de menhã à noite é puta.

E prá cagá o qui come,

bota uma fôrça bruta.

Caipira: Tua vida é munto curta,

munto pôco tempo dura.

Toma hormônio prá crescê,

come ração sem mistura.

a tua carne é sem gôsto,

prá quem come, é merda pura.

De granja: Tu num é munto deferente.

tem mais longa atua vida,

mode a demora in crescê,

pru mode sê cunsumida.

Leva quage sete mêis,

inté quando é abatida.

Caipira: Mais in valô nutritivo,

juro qui d’eu, tu num ganha.

Do meu vulume de carne,

de capote, tu apanha.

E adispôi de tu guizada,

se dirmancha tôda in banha.

De granja: Mais quando arguém tá doente,

qui precisa de uma canja,

de uma cumida inucente,

a mãe, cum coidado arranja,

mode dá cumo remédio,

uma galinha de granja.

Caipira: Adispôi qui a muié pári,

na hora do seu resguardo,

quando o mininíin nasce,

e alivêia o seu fardo,

mode se recuperá,

vem logo atráis do meu cardo.

De granja: Tu só come do pió,

posso inté fazê aposta.

Passa fome de muntão,

de todo bascúio tu gosta.

E quando tua fome aperta,

bebe mijo e come bosta.

Caipira: Tu cum bestêra e teu ôvo,

pôco à pessoa, alimenta.

É mais barato, tá certo,

porém, a ninguém sustenta.

Teu ôvo é vinte centavo,

o meu, é quage cinquenta.

De granja: Tu cum essa pabulage,

se acha isperta prá xuxú.

Mais, pru mode lhe intupí,

eu vô preguntá prá tu:

Tu acha qui trinta centavo,

compensa eu rasgá meu cú ?

Caipira: Eu passo o dia no mato,

de noite venho discansá.

Me assubo no pulêro,

fico inté o só raiá.

Tu é cumendo direto,

lá nuis gaipão, sem pará.

De granja: Dia e noite sem pará,

na ração eu vô vivendo.

Eu aqui na mordomia,

e tu no mato, sofrendo.

Cumendo munturo e bosta,

e uis galo te cumendo.

Caipira: Se uis galo tão me cumendo,

eu chega mudo de tom.

Da zuada qui nóis faiz,

munto longe se ôice o som.

Eu levando chibatada,

cantando e achando bom.

De granja: Falando de cumpanhêro,

de tu, aí tombém ganho.

Prá galo qui nem uis teu,

eu juro qui num me assanho.

Uis teu é piquininíin,

e uis meu é dêsse tamanho.

Caipira: Uis teu é dêsse tamanho,

mais prá eu é infadado.

Abasta dá umazinha,

fica arquejando, cansado.

Meus piquininíin é macho,

e dá conta do recado.

De granja: De mim, tudo é mais barato,

ao alcance do povão.

Sô o prato preferido,

do impregado e do patrão.

In quaiqué país do mundo,

tô no mêi da nutrição.

Caipira: Nóis tem o nosso valô,

tu na tua e eu na minha.

No armôço, lanche ô janta,

cum cuscuz de menhãzinha,

num tem nada mais gostoso,

do qui a gente, a galinha.

De granja: Mais cum o saláro do pobre,

no Brasí, infilirmente,

nem eu nem tu vai na mesa,

dêsse sufrido vivente.

Pobre só come galinha,

se um duis dois tivé doente...

Autor: Roberto Coutinho da Motta

Pseudônimo Literário: Bob Motta.

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Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 01/10/2008
Código do texto: T1205451
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