ONDE A GENTE FÊIZ AMÔ...

ONDE A GENTE FÊIZ AMÔ...

Literatura de Cordel

Autor: Bob Motta

N A T A L – R N

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De carona no meu verso,

vô fazê uma viage;

quem paga a minha passage,

é meu pensamento imerso.

P’ro munto amado universo,

do meu Carirí, me vô.

Vô amostrá p’ruis leitô,

uis cenáro primorôso,

prá lá de maraviôso,

ONDE A GENTE FÊIZ AMÔ.

Na sombra da quixabêra,

no aipende do armazém,

no véio muíin de xerém,

nuis tanque dais lavadêra.

No tronco da caibêra,

no reboque do tratô,

ainda sinto o calô,

quando nóis dois tava a sóis,

debaixo duis avelóis,

ONDE A GENTE FÊIZ AMÔ.

Na sombra duis juazêro,

lá pru detráis da capela,

no chão do quarto dais sela,

debaixo duis imbuzêro.

No véio pé de perêro,

iscundido do feitô.

O tôro reprodutô,

trepô na vaca e se foi,

pertíin do carro de boi,

ONDE A GENTE FÊIZ AMÔ.

No chiquêro dais uvêia,

nais varêda duis céicado,

nuis açude, nuis roçado,

ô tirando mé de abêia.

In noite de lua cheia,

dei uma de trovadô.

Lhe reboquei sem pudô,

fui metendo a mão pru baixo,

lá na bêra do riacho,

ONDE A GENTE FÊIZ AMÔ.

Na bêra do cacimbão,

lá no partido de míi,

no leito sêco do ríi,

fiz de cama o meu gibão.

In riba do caminhão,

nóis dois se deliciô.

De prazê tu dirmaiô,

Eu me alembro cum caríin,

todo canto alí foi níin,

ONDE A GENTE FÊIZ AMÔ.

No jipe de quato porta,

no céicado dais galinha,

nuis quarto, nais camarinha,

eu dexei tu quage morta.

Na ida cumo na vorta,

nóis cum caríin se abraçô.

Te bêjei, tu me bêjô,

sem se importa cum ninguém,

sem mais, taivêiz nem porém,

ONDE A GENTE FÊIZ AMÔ.

Nuis ôi d’água duis lagêro,

no partido de banana,

ô na prantação de cana,

nóis se amava in disispêro.

Cada amasso ô cada chêro,

do poeta lhe sufocô.

Nóis dois mudava de cô,

qui nem dois camalião,

na paisage do sertão,

ONDE A GENTE FÊIZ AMÔ.

De todo jeito te amei,

tombém in todo lugá.

Inté na praia, in Natá,

no banco da veranêi.

Na bêra do açude chêi,

o luá presencio,

quando a gente se grudô,

surrindo, fazendo tróça,

lá na Maiáda de Roça,

ONDE A GENTE FÊIZ AMÔ.

No camíin de Buquêrão,

na istrada de Cabacêra,

na Caiçara, na Ribêra,

nóis se amemo de muntão.

Fumo vê Frei Damião,

da missão nóis se mandô,

prá fazenda do dotô,

Fernando da Cunha Lima,

tu pru baixo e eu pru cima,

ONDE A GENTE FÊIZ AMÔ.

No quintá detráis de casa,

incostado na cisterna,

intrancemo ais nossas perna,

cum o sangue in fogo de brasa.

Essa sodade me arrasa,

teu chêro, in neu intranhô.

o passado num passô,

rescordo na minha lôa,

uis nossos bãe de lagôa,

ONDE A GENTE FÊIZ AMÔ.

Nais noite de pescaria,

nais caçada à luz de facho,

quando seu véio era macho,

nóis amanhincia o dia.

Fazendo ais istripulia,

qui o mundo nuis insinô.

Prá mim, o qui de bom ficô,

foi a doce rescordação,

dais caatinga do sertão,

ONDE A GENTE FÊIZ AMÔ.

Rescordo cum nostalgia,

lhe juro no verso meu,

aquêle tempo in qui eu,

era feliz e sabia.

Minha querida, hoje in dia,

meu fogo num se apagô.

Pura idade se acaimô,

digo prá Deus ao rezá,

bindito seja uis lugá,

ONDE A GENTE FÊIZ AMÔ...

Autor: Roberto Coutinho da Motta.

Pseudônimo Literário: Bob Motta.

Da Acad. de Trovas do RN.

Da U. Bras de Trov.-UBT-RN.

Do Inst. Hist. E Geog. Do RN.

Da Com. Norte-Riog. De Folclore.

Da Ass.P.Pop. do RN-AEPP.

Da U.Cord.RN-UNICODERN.

Do Inst. Hist.e Geog.Do Cariry-PB

Site:www.bobmottapoeta.com.br

E-mail:bobmottapoeta@yahoo.com.br

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 25/09/2008
Reeditado em 25/09/2008
Código do texto: T1195894
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