UIS BRINQUÊDO DO MATUTO - Mini Cordel
UIS BRINQUÊDO DO MATUTO
Mini Literatura de Cordel
Autor: Bob Motta
N A T A L – R N
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Amostro no meu poema,
num querendo sê gaiato,
eu matuto antigamente,
quando criança, de fato.
Meu verso vai de carrêra,
lhe amostrá ais brincadêra,
do meu passado no mato.
Quem num sabe o qui é burrinca,
nunca viveu no sertão.
É um pau grosso e cumprido,
paricido cum um môrão.
Finca um pau no meio e pronto;
se roda inté ficá tonto,
e adispôi, se cai no chão.
Pêia quente era um chicote,
ô um cipó fino e linhêro.
Qui era bem iscundido,
nuis aipende ô nuis terrêro.
E quem premêro incontrava,
cum a peia quente dava,
porrada nuis cumpanhêro.
Tombém tinha uis bãe de ríi,
bãe de açude ô de pôço,
bãe de chuva nais biquêra,
era um céu, era um colôsso.
E quando eu tava sòzíin,
ô brincava de carríin,
ô c’áis vaquinha de ôsso.
Se brincava de ané,
se contava historinha,
derna de João e Maria,
à históra da carochinha.
Brincava de garrafão,
ais vêiz, de sortá pião,
tombém de pinicaínha.
Carro de latra de doce,
de latra de leite níin,
intoce, in carro de boi,
andava o dia intêríin.
Achava bom prá chuchú,
num tronco de mulungú,
atrevessá o ríi chêíin.
E quando chegava um circo,
digo nuis verso qui faço,
ficava feliz da vida,
lá eu tinha meu ispaço.
Mamãe, quando num me achava,
já sabia inté qui eu tava,
pru lá, gritando o paiáço.
O tumara qui num chôva,
mostrô-me o qui é alegria.
Uis paiáço me insinaro,
tudo o qui é de milacria.
Todas essas fulêrage,
e todas ais sacanage,
qui eu amostro na poesia.
E tôda essa gaiofança,
qui aqui tô a lhe amostrá,
faiz parte da minha vida,
qui eu gosto de recitá.
É minha luta, pode crê,
mode num dexá morrê,
a curtura populá...
Autor: Roberto Coutinho da Motta
Pseudônimo Literário: Bob Motta
Da Acad. de Trovas do RN.
Da União Bras. De Trov.-UBT-RN.
Do Inst. Hist. E Geog. Do RN.
Da Com. Norte-Riog. De Folclore.
Do Inst. Hist. E Geog. Do Cariry-PB.
E-mail: bobmottapoeta@yahoo.com.br
Site: www.bobmottapoeta.com.br