A DEPENDÊNCIA DO BRASIL

A DEPENDÊNCIA DO BRASIL

Literatura de Cordel

Autor: Bob Motta

N A T A L – R N

2 0 0 8

No Dia da Independênça,

eu tava aqui, matutando,

e uma tristeza profunda,

conta de mim, foi tumando.

E no meu cantíin, pensando,

eu fiquei analisando,

o sofrê da nossa gente;

cuncruí acabrunhado,

qui o nosso Brazí amado,

cuntinua dependente.

Num é só puliticamente,

qui eu vejo essa dependença.

Na farta de probidade,

na maré da indecênça.

Vejo o moradô de rua,

drumindo oiando prá lua,

sempre ao relento jogado;

vejo tombém, disgostôso,

um futuro criminoso,

no menó abandonado.

Vejo a infança perdida,

nuis siná e nais caçada.

Vejo adolecente prenha,

se vendê dispudorada.

O traficante ispreitando,

tombém vai se apruveitando,

da triste situação;

e uis menó abandonado,

é o fruito mais cobiçado,

da farta de educação.

E o Brazí, de norte a sul,

amostra in seu dia a dia,

a isploração do menó,

a droga e a pedofilia.

Tudo isso in minha crença,

faiz parte da dependença,

qui assola o nosso país;

é um dirmando gerá,

qui faiz a gente chorá,

qui faiz a gente infeliz.

Ais milíça nais favela,

faiz toque de ricuiê.

Logo adispôi qui anoitece,

e ai de quem num obedecê.

Êsse tráfico qui assola,

fecha uis cumérço, ais iscola,

e a gente vê cum tristeza;

qui essa inorme indecênça,

é pio qui a dependença,

da coroa portuguêsa.

Tá quage qui nem nuis tempo,

duis cangacêro de ôtróra.

Uis cangacêro do asfarto,

é quem tá mandando agora.

Me faiz lembrá Jesuíno,

Brilhante e Antôin Silvino,

Massilon e Lampião;

e o mais véio, Sinhô Perêra,

de quem a puliça intêra,

curria lá no sertão.

Nóis tombém é dependente,

do disrespeito ao idoso,

de uma saúde doente,

duis gunvernante inganoso.

E o pobre assalariado,

adispôi de apusentado,

mais o trabáio lhe cunsome;

sem derêito a discansá,

cuntinua a trabaiá,

mode num morrê de fome.

O Brazí é dependente,

tombém da grande imbição,

uis gringo cumprando ais terra,

toda a orla da nação.

In todos nóis dá insônia,

ais queimada na Amazônia,

drepedação todo dia;

e o gunvêrno amulecendo,

nóis vai é findá perdendo,

a nossa suberania.

Isso se vê todo dia,

tarde, noite ô de menhã.

Nais atitude, nais orde,

da Oropa, do Tio Sam.

E o Brazí, obidiente,

faiz papé, naturamente,

de muleque de recado;

quem faiz as leis no cenáro,

vai achatando o saláro,

do pobre do apusentado.

Quem cuida da segurança,

tudo qui é de operação.

É grampo nuis telefone,

duis piqueno e duis grandão.

Quando a coisa fica preta,

a ABIN diz num tê malêta,

deferente na bagage;

e o Ministro da Justiça,

diz sem mêdo e sem priguiça,

qui ela faiz ispionage.

Tombém teve intregação,

no dirmando de um tenente,

qui intregô mode sê morto,

uis trêis jove adolecente.

Num sei a trôco de quê,

me arresposte você,

causo saiba, meu sinhô;

me arresposte nêsse instante,

o tenente ô o traficante,

quem foi qui sentenciô ?

Farta educação, saúde,

sigurança no gerá.

Farta munta coisa e sobra,

injustiça sociá.

Nêsse Sete de Setembro,

prá num dizê qui num alembro,

tem pôca coisa a lôvá;

prá nóis qui véve in sufôco,

juro, nóis tem munto pôco,

prumode comemorá!...

Natal-RN, 07 de setembro de 2008

Autor: Bob Motta

Da Acad. de Trovas do RN.

Da União Bras. de Trov.-UBT-RN

Do Inst. Hist. E Geog. Do RN.

Da Com. Norte-Riog. De Folclore

Da Ass.dos Poetas Populares do RN.

Da União dos Cordelistas do RN.

Do Inst. Hist. E Geog. Do Cariry-PB.

Site: www.bobmottapoeta.com.br

E-mail: bobmottapoeta@yahoo.com.br

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 09/09/2008
Código do texto: T1169974
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