ROJÃO QUENTE

"Arengando" e aconselhando na Comunidade Projeto Cordel (OrKut).

Costumo bater em vate

Que não vive no Parnaso

Que só canta por acaso

Que só joga pelo empate

Verve de pouco quilate

Não posso considerar

Brincou, mando escalpar

Embarca, fica doente

Meu Rojão já nasceu quente

Canta quem souber cantar!

Cante coisas do Nordeste

Como Otacílio Batista

Se não fores boa artista

Por favor não faças teste

Pra que o povo não conteste

Querendo te amordaçar

Ou queira até te matar

Pra cantares feito gente

Meu Rojão já nasceu quente

Canta quem souber cantar!

Nordeste de grandes brilhos

De povo forte e valente

Teu amor é comovente

Em relação aos teus filhos

Em versos, em estribilhos

Quem chega neste lugar

Afirma também t’amar

Não fica indiferente

Porque neste solo quente

Canta quem sabe cantar!

Vou preparar a direita

Pra dá por cima da venta

Sei que você não agüenta

A minha rima perfeita

E numa cama se deita

Prontinho pra se enterrar

Não suporta porfiar

Com poeta inteligente

Comigo o Rojão é quente

Canta quem souber cantar

Tessa e Tião digladiam

Numa Peleja medonha

Melhor que vinho Borgonha.

A eles se associam

Os vates que apreciam

Esta forma de cantar

Arte de improvisar

PARABÉNS a nossa gente

Conosco o Rojão é quente

Canta quem souber cantar!

Pra bater em poeta ruim

Eu não preciso de prazo

Atiro-o no Chimborazo

Pra que tenha logo fim

Pois comigo é assim

Só boto pra entortar

Não gosto de alisar

Eu dou é óleo fervente

Comigo o Rojão é quente

Canta quem souber cantar!

Fica lá no Equador

Esse tão alto vulcão

De lá ninguém foge não

E vou contar pro senhor

Se for ruim cantador

Se o sujeito não prestar

É lá que eu vou jogar

E fica no magma quente

Comigo o Rojão é quente

Canta quem souber cantar

Não gosto de desacato

Mas quer brigar? pode vir!

Pago para não sair

E de todo lado bato

Na peleja eu maltrato

Uma canga vou botar

Pro seu pescoço afinar

E depois não se lamente

Comigo o Rojão é quente

Canta quem souber cantar!

Na 'Tabaiana' encontrei

Grandes vates nordestinos

Que eram poetas finos.

Os seus modos estudei

Bati e nunca apanhei

Na arte de porfiar

TIÃO só vai apanhar

Porque sou polivalente

Comigo o Rojão é quente

Canta quem souber cantar

Ó Lemos, velho besouro

Onde aprendeste tu

Cantar como boi zebu

Quando vai pro matadouro?

Ainda te arranco o couro

Boto no sol pra secar

Não te vás espernear

Feito uma vaca doente

Comigo o Rojão é quente

Canta quem souber cantar

Não respeito cantador

Que nunca cantou na feira

Sem “percata” cantadeira

Eu não posso dá valor

A quem não sente vigor

Só apanha, nunca dar

Castigos no improvisar

Não canta pra minha gente

Pois nosso Rojão é quente

Canta quem souber cantar

Cante como Patativa

Curió do meu Sertão

Irmanado a Azulão

Fazem a platéia cativa

Gritando “obas” e “viva”

Mas se não souber cantar

Deixe de atanazar

Os cantadores da gente

Conosco o Rojão é quente

Canta quem souber cantar

Não me deixa aperriado

Seu cantar pouco, poeta!

Porquanto que minha meta

É cantar Sertão e Prado

No verso improvisado

E se não souber cantar

Por favor, vai se calar!

Deixe pra outro vivente

Super, meu Rojão é quente

Canta quem souber cantar

Coisa que eu não agüento

É tua poesia fútil

Pois já vi que é inútil

Ser professor de jumento

Capim é teu alimento

Por isso vives a zurrar

Aos vates envergonhar

Porque rimas loucamente

Comigo o Rojão é quente

Canta quem souber cantar

Vejo um pseudo filólogo

Na construção da palavra

Parece que a sua lavra

Está mais para astrólogo

Nunca será um glotólogo

Porque não sabe rimar

Também não sabe cantar

Com cantador de repente

Comigo o Rojão é quente

Canta quem souber cantar

Sou cantador afamado

Itabaiana o torrão

Terra do meu coração

Somente por ter gerado

Sivuca, o consagrado

Rei da arte de tocar

Para o Brasil enlevar

Sua sanfona dolente

Comigo o Rojão é quente

Canta quem souber canta

Já estava conversando

Com o Beto do Brasil

Numa atitude gentil

Nosso Prefeito pensando

Deveras analisando

Em te trazer para o lar

(Solânea é teu lugar...)

Mas ele quer um demente?

Comigo o Rojão é quente

Canta quem souber cantar

Sebastião, entendeste

Que te chamei pra Congresso,

Visando o teu regresso,

No torrão em que nasceste?

O meu intento foi este

Eu te chamei pra cantar

E de Sander apanhar

Não pra visitar parente!

Comigo o Rojão é quente

Canta quem souber canta

Brás, teu teclado ruim

É o irmão do teu canto

Não cantas nem acalanto

E desafias a mim?

Ô poetinha mirim!!!

Não podes me enfrentar

Sou mestre no porfiar

De todos, o mais valente

Comigo o Rojão é quente

Canta quem souber cantar!!!

Amigo Sebastião

Visitei tua cidade

Onde vi modernidade

Sobre aquele Serrão.

Meu cavalo alazão

Agora vai visitar

Um pouco perto do mar

A capital do repente

Comigo o rojão é quente

Canta quem souber cantar

Pra Itabaiana rumo

Terra de Mané Xudu

E São Miguel de Taipu

Rio Paraíba, assumo

Onde banhar-me costumo

Para José Lins lembrar

Grande filho do Pilar

Escritor inteligente

Comigo o rojão é quente

Canta quem souber cantar

Vou passar em Itambé

Berço da Maçonaria

Em busca da confraria

Que está na terra da fé

Que é o rincão do Zé

da Luz, vate de lascar

Ali é melhor lugar

Pra cantador de repente

Comigo o rojão é quente

Canta quem souber cantar

Conclamo os professores

Formadores culturais

Para que sejam leais

Fiéis disseminadores

Caros mestres e doutores

Na hora de ensinar

Ensinem a aplicar

Até insistentemente

Porque o rojão é quente

Canta quem souber cantar!

Ond'estão os genitores

Dessas pobres criaturas

E que vida de agruras

Acaba com os pudores

Tornando-os detratores

Do bom modo de pensar

Educação salutar

Busquem uma outra vertente

Comigo o rojão é quente

Canta quem souber cantar

Os nossos legisladores

Deveriam progredir

Trabalhar pra dividir

E aumentar os favores

Dos pobres trabalhadores

Mas só querem s'ajeitar

Iludir, trapacear

Como reles delinqüente

Comigo o Rojão é quente

Canta quem souber cantar